Os reajustes salariais no Brasil foram muito positivos para os trabalhadores em fevereiro. Isso porque, no segundo mês de 2023, sete em cada dez acordos e convenções coletivas ficaram cima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Em outras palavras, a maioria absoluta dos trabalhadores do país se beneficiou com o aumento do poder de compra no início deste ano. Aliás, o resultado se manteve bastante elevado, próximo do nível registrado em janeiro, quando 75% dos acordos superaram o INPC.
A título de comparação, apenas 23,8% dos acordos e convenções coletivas superaram a inflação em 2022. Isso mostra que as dificuldades enfrentadas no ano passado foram superadas, em grande parte. Assim, o cenário em 2023 está se mostrando bem mais positivo para os trabalhadores do país.
A propósito, o INPC é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS no país. Por isso, as organizações se baseiam neste índice para realizar acordos e reajustes dos salários dos trabalhadores.
Para quem não sabe, a inflação é um dado muito importante para todas as pessoas. Em resumo, quando a taxa inflacionária do país está em um nível muito alto, o poder de compra do trabalhador acaba reduzido, uma vez que as pessoas terão que gastar mais para comprar bens ou contratar serviços.
Inclusive, quando o INPC está muito elevado, os reajustes tendem a ficar abaixo do indicador, até porque a maioria dos patrões não irá aumentar de maneira expressiva os salários dos empregados, mesmo com a inflação elevada.
Seja como for, vale destacar que o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Isso explica a importância desse indicador, tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores do país.
A saber, estes dados fazem parte do levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cuja divulgação ocorre mensalmente.
De acordo com o levantamento, o piso salarial médio do país foi de R$ 1.399,56 em fevereiro, no segundo mês do governo Lula. Em síntese, este valor médio é “equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados”, segundo o Dieese.
Entre os quatro setores econômicos pesquisados, dois deles tiveram um resultado superior à média nacional, enquanto os outros dois ficaram com números inferiores. Veja abaixo os pisos de cada um dos setores:
Vale destacar que o setor de serviços responde por quase 70% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Por isso, o setor puxou o piso salarial do país para cima, apesar dos números menos expressivos da indústria e do comércio.
Embora os serviços tenham apresentado o maior piso nacional entre os três grandes setores, exceto o rural, foi a indústria teve o maior número de reajustes acima da inflação do país em fevereiro de 2023, chegando a 76,9% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram 8,0%, enquanto 15,1% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.
Com dados bastante semelhantes, os serviços fecharam fevereiro com 74,0% dos reajustes acima da inflação. Por outro lado, apenas 5,9% das negociações ficaram abaixo do INPC no período, enquanto os 20,1% dos acordos restantes tiveram uma variação igual a da inflação.
Embora os dados da indústria e dos serviços tenham sido muito positivos, o comércio não conseguiu registrar resultados tão bons assim para os trabalhadores do país. No entanto, os dados do setor ainda foram positivos para os empregados.
Em suma, 56,0% dos reajustes ficaram acima da inflação, o que quer dizer que mais da metade dos trabalhadores dos serviços viram o seu poder de compra crescer no segundo mês deste ano.
Em contrapartida, 11,0% das negociações ficaram abaixo do INPC e não representaram ganho real para o trabalhador dos serviços. Assim, os 33,0% dos acordos restantes ficaram iguais ao INPC e também não resultaram em ganho real para os empregados do setor.
Além disso, o Dieese também revelou o piso nacional médio nas regiões brasileiras. Todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Veja abaixo os pisos salariais médios em cada região brasileira em fevereiro:
Segundo o Dieese, os reajustes salariais foram muito parecidos entre as regiões brasileiras em fevereiro deste ano. A propósito, o Centro-Oeste teve a maior taxa de acordos acima do INPC (82,9%), seguido por Sudeste (75,5%), Norte (72,3%), Sul (71,9%) e Nordeste (70,0%).
Em contrapartida, o Norte teve a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação em fevereiro. Na região, 9,9% dos acordos e convenções coletivas reduziram o poder de compra do trabalhador no primeiro mês do ano. Na sequência, ficaram Nordeste (9,4%), Centro-Oeste (8,5%), Sudeste (7,1%) e Sul (2,3%).
O levantamento ainda revelou que o Sul teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (25,8%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Nordeste (20,5%), Norte (17,8%), Sudeste (17,4%) e Centro-Oeste (8,5%).