Os reajustes salariais no Brasil foram muito positivos para os trabalhadores em abril. Isso porque, no quarto mês de 2023, mais de 60% dos acordos e convenções coletivas ficaram acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Em outras palavras, a maioria absoluta dos trabalhadores do país se beneficiou com o aumento do poder de compra no quarto mês do ano. A saber, o resultado de abril (62,3%) se manteve bastante elevado, mas desacelerou em relação aos níveis registrados em fevereiro (69%) e março (74,1%).
Cabe salientar que apenas 23,8% dos acordos e convenções coletivas superaram a inflação em 2022. Isso mostra que as dificuldades enfrentadas no ano passado foram superadas, em grande parte, nos primeiros meses deste ano. Inclusive, o cenário em 2023 deverá ser bem mais positivo para os trabalhadores do país do que em 2022.
Todos os dados relacionados a reajustes salariais se relacionam ao INPC. Em resumo, o indicador é usado como referência para reajustes salariais e benefícios do INSS no país. Por isso, as organizações se baseiam neste índice para realizar acordos e reajustes dos salários dos trabalhadores.
Para quem não sabe, a inflação é um dado muito importante para todas as pessoas. Desse modo, quando a taxa inflacionária do país está em um nível muito alto, o poder de compra do trabalhador acaba reduzido, uma vez que as pessoas terão que gastar mais para comprar produtos ou contratar serviços.
Inclusive, quando o INPC está muito elevado, os reajustes tendem a ficar abaixo do indicador, até porque a maioria dos patrões não irá aumentar de maneira expressiva os salários dos empregados, mesmo com a inflação elevada.
Vale destacar que o INPC mede a variação da cesta de compras para famílias com renda de um até cinco salários mínimos, ou seja, foca nas pessoas de renda mais baixa do país. Isso explica a importância desse indicador, tanto para os trabalhadores quanto para os empregadores do país.
A saber, esses dados fazem parte do levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), cuja divulgação ocorre mensalmente.
De acordo com o levantamento, o piso salarial médio do país foi de R$ 1.529,32 em abril, no quarto mês do governo Lula. Em síntese, este valor médio é “equivalente à soma dos valores de todos os pisos, dividida pelo número de pisos observados”, segundo o Dieese.
Entre os quatro setores econômicos pesquisados, dois deles tiveram um resultado superior à média nacional, enquanto os outros dois apresentaram números inferiores. Veja abaixo os pisos de cada um dos setores:
Cabe salientar que, apesar de o comércio ter apresentado o maior piso nacional entre os três grandes setores, foi a indústria que teve o maior número de reajustes acima da inflação do país em abril de 2023, chegando a 72,8% do total dos reajustes. Já as negociações abaixo do INPC totalizaram 8,6%, enquanto 18,5% ficaram iguais à inflação medida pelo índice.
Com dados bastante semelhantes, os serviços fecharam abril com 71,7% dos reajustes acima da inflação. Por outro lado, apenas 8,1% das negociações ficaram abaixo do INPC no período, enquanto os 20,3% dos acordos restantes tiveram uma variação igual a da inflação.
Embora os dados da indústria e dos serviços tenham sido muito positivos, o comércio não conseguiu registrar resultados tão expressivos assim para os trabalhadores do país. No entanto, os dados ainda foram muito bons para os empregados do setor.
Na verdade, 53,6% dos reajustes ficaram acima da inflação. Em contrapartida, 8,0% das negociações ficaram abaixo do INPC e não representaram ganho real para o trabalhador dos serviços. Assim, os 38,4% dos acordos restantes ficaram iguais ao INPC e também não resultaram em ganho real para os empregados do setor.
Além disso, o Dieese também revelou o piso nacional médio nas regiões brasileiras. Todos os dados divulgados pelo Dieese são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência.
Veja abaixo os pisos salariais médios em cada região brasileira em abril:
Segundo o Dieese, os reajustes salariais foram muito parecidos entre as regiões brasileiras em abril deste ano. A propósito, o Sudeste teve a maior taxa de acordos acima do INPC (75,8%), seguido por Centro-Oeste (70,4%), Norte (68,3%), Sul (67,0%) e Nordeste (63,0%).
Em contrapartida, o Nordeste e o Norte tiveram a maior taxa do país em relação aos reajustes que perderam para a inflação em abril. Em cada uma das duas regiões, 12,1% dos acordos e convenções coletivas reduziram o poder de compra do trabalhador no mês. Na sequência, ficaram Centro-Oeste (9,7%), Sudeste (8,3%) e Sul (1,8%).
Por fim, o levantamento ainda revelou que o Sul teve o maior percentual de acordos e convenções coletivas iguais ao INPC (31,2%), ou seja, que também não aumentaram o poder de compra do trabalhador. Em seguida, ficaram Nordeste (24,9%), Centro-Oeste (19,8%), Norte (19,6%) e Sudeste (15,8%).