O Banco Central (BC) divulgou nesta segunda-feira (18) as novas projeções de analistas do mercado financeiro para alguns indicadores econômicos do Brasil. A publicação, chamada de relatório Focus, é divulgada semanalmente, informando as atualizações das estimativas do mercado.
Nesta semana, os analistas elevaram suas projeções para o (Produto Interno Bruto) PIB brasileiro em 2023. Em resumo, a economia brasileira deverá crescer 2,89% em 2023, taxa superior a da semana passada (2,64%). Esta foi a quarta semana consecutiva de alta.
No início de setembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o PIB do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023. O resultado foi bem menor que o registrado nos três primeiros meses deste ano, quando a economia cresceu 1,8%.
Contudo, o que chamou a atenção não foi a desaceleração da atividade econômica, que já era esperada, mas o avanço ter vindo bem acima do esperado pelo mercado. A saber, os analistas estimavam um crescimento de 0,4% do PIB no segundo trimestre, mas o resultado superou as expectativas, animando o mercado e o governo federal.
Com um crescimento maior que o previsto, os analistas do mercado financeiro elevaram as suas projeções para a economia brasileira em 2023. Aliás, o crescimento do PIB do Brasil deverá ser bem semelhante ao registrado no ano passado (2,9%).
Já para 2024, as projeções para o avanço do PIB também avançaram, de 1,47% para 1,50%. O resultado surpreendeu, já que as estimativas para este ano tiveram um crescimento significativo, ou seja, a base comparativa ficou mais forte. Ainda assim, as projeções para o ano que vem também subiram, mas o avanço deverá ser cerca de metade do crescimento registrado neste ano.
Nesta semana, os analistas reduziram as projeções para a taxa inflacionária em 2023. Em síntese, a inflação deverá subir 4,86% neste ano, taxa menor que a da semana passada (4,86%). Já para 2024, a taxa também caiu, de 3,89% para 3,86%.
Vale destacar que a inflação no Brasil veio mais forte que o esperado em julho. De acordo com o IBGE, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,12% no mês passado, acima da mediana das projeções do mercado. Contudo, a taxa foi bem tímida, para alívio do mercado.
O IBGE coleta os preços de diversos produtos e serviços e divulga as variações mensalmente. Inclusive, o IPCA é muito importante, pois diversas políticas públicas, bem como ações do Banco Central, baseiam-se na variação da inflação. Ainda assim, o resultado não deverá impactar fortemente o resultado da inflação geral em 2023.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta da inflação em 2023, visto que a taxa projetada para este ano é levemente superior ao limite máximo definido.
Caso isso se confirme, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais do que deveriam mais uma vez.
A propósito, o Conselho Monetário Nacional, que define a mata inflacionária do país, é composto por:
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic pela quinta semana consecutiva, em 11,75% neste ano. No início de agosto, o BC promoveu o primeiro corte na taxa de juros em três anos, e deve realizar um novo corte agora em setembro.
Para 2024, os juros deverão encerrar o ano em 9,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros, reduzindo o poder do consumidor.