Os combustíveis não terão um novo aumento de preço neste mês de setembro. Ao menos foi o que garantiu o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates em entrevista nesta quinta-feira (28). Ele disse que está acompanhando a elevação do barril de petróleo fora do país, mas que ainda não vai repassar tal aumento para o consumidor no Brasil.
Para Prates, a Petrobras ainda tem lastro para “aguentar o desconforto” e manter os preços dos combustíveis no patamar atual por um período maior de tempo. Nos últimos dias, as cotações internacionais de petróleo subiram muito, e este movimento gerou preocupação de milhões de motoristas ao redor do país.
“Os modelos por enquanto estão indicando que é possível manter (o preço dos combustíveis) no mesmo patamar, sem haver absolutamente nenhum risco para a rentabilidade da empresa”, disse Prates, após evento com atletas olímpicos patrocinados pela estatal nesta quinta-feira (28).
De todo modo, Prates não negou que ainda não é possível cravar por quanto tempo vai durar esta trégua. De acordo com ele, os reajustes nos preços dos combustíveis podem ser retomados caso o patamar do barril de petróleo seja consolidado em um nível alto.
Segundo o presidente da Petrobras, se o preço do barril atingir US$ 100, como boa parte dos especialistas estão prevendo para outubro, “será uma barreira psicológica importante”, o que indica que novas elevações poderão ser praticadas para o consumidor na bomba.
Dado oficiais apontam que nesta quarta-feira (27), a cotação do petróleo Brent, chegou a bater US$ 96 por barril. Analistas dizem que este patamar está pressionando cada vez mais o Brasil a elevar os preços dos seus combustíveis, para evitar uma defasagem ainda maior.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis mostram que nesta quinta-feira (28), o preço do diesel nas refinarias da Petrobras estava R$ 0,86 por litro abaixo da paridade internacional. Já a gasolina conta com uma defasagem de R$ 0,27 por litro.
Desde que assumiu a presidência da Petrobras no início deste ano, Jean Paul Prates vem sendo acusado de atuar para segurar os preços dos combustíveis de maneira artificial. Ele nega as acusações, e diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) jamais o fez este pedido.
Prates lembrou que, quando necessário, elevou os preços dos combustíveis no último mês de agosto, e elogiou a nova política de definição de preços, que está substituindo o Plano de Paridade Internacional (PPI).
“Podemos aguentar desconforto por um tempo. É bom para o Brasil (a nova política de preços da estatal) e não é ruim para a Petrobras. Abrasileirar os preços não é uma coisa de campanha (presidencial). A gente mudou o modelo e vai ajustar quando o novo patamar estiver consolidado”, seguiu ele.
Prates também foi perguntado sobre a possibilidade de falta de combustível no Brasil. Sobre este assunto, ele sinalizou que está tranquilo e disse que não há chances disto acontecer. De todo modo, o presidente da Petrobras frisou que pode fazer importações adicionais para suprir eventuais necessidades dos brasileiros.
Segundo ele, a estatal operou suas refinarias em setembro com utilização de 94% da capacidade. A empresa vem elevando a utilização para suprir o mercado interno com menor necessidade de importações.
Vale lembrar que nesta semana o IPCA-15, prévia da inflação oficial, subiu 0,35% em setembro, puxado principalmente pela alta da gasolina. O preço deste combustível subiu mais de 5% entre agosto e setembro.
O fato é que o IPCA-15 pega por completo o reajuste para cima dos preços da gasolina e do diesel anunciado pela Petrobras no último dia 15 de agosto. O litro da gasolina, por exemplo, subiu R$ 0,41 e do diesel, R$ 0,78.