A Petrobras perdeu R$ 41,6 bilhões em valor de mercado nos últimos cinco dias. A saber, a estatal havia alcançado o maior valor de mercado da sua história na última quarta-feira (18). Contudo, de lá pra cá, o valor diminuiu consideravelmente.
Em resumo, a petroleira atingiu seu recorde na semana passada, ao fechar o pregão em R$ 525,1 bilhões. A Petrobras nunca havia alcançado uma marca tão elevada quanto esta. No entanto, os últimos pregões não foram positivos para a empresa, que perdeu parte desse valor de mercado.
Ao final da sessão desta segunda-feira (23), a companhia estava valendo R$ 483,4 bilhões. Aliás, esse resultado foi alcançado após as ações da Petrobras tombarem mais de 6% no pregão, figurando como os papeis que mais caíram no dia.
No pregão de hoje (22), o grande destaque do Ibovespa, que é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira, foram as ações da Petrobras. Em suma, os papeis respondem por quase 14% da carteira teórica do indicador e, nesta segunda-feira (23), as ações tiveram um tombo bem maior que os demais papeis.
Confira os maiores recuos do Ibovespa nesta segunda-feira (23):
Vale destacar que os acionistas preferenciais (PN) não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. Entretanto, os acionistas ordinários (ON) podem exercer algum controle sobre a empresa.
No pregão de hoje (23), o tombo da Petrobras fez a empresa perder R$ 32,3 bilhões em valor de mercado. Isso quer dizer que 77,6% das perdas acumuladas nos últimos cinco dias aconteceram na sessão de hoje.
Nesta segunda-feira (23), a Petrobras anunciou que poderá rever o seu estatuto, uma vez que o seu conselho aprovou a apresentação de uma proposta de revisão do documento. O principal ponto que preocupou o mercado se refere à eliminação de determinadas restrições em relação à indicação de membros para a alta cúpula da Petrobras.
Em suma, o temor do mercado é que estas indicações ocorram no âmbito político, ou seja, que haja ingerência na empresa. Inclusive, a Petrobras informou, em nota, que a proposta de revisão do documento objetiva alinhar o estatuto à Lei das Estatais, de número 13.303/2016.
De acordo com a empresa, “o objetivo é tão somente manter o Estatuto Social da Petrobras atualizado, quaisquer que venham a ser as decisões judiciais sobre o tema”.
“Não há qualquer redução nas exigências em relação à Lei das Estatais, pois o Estatuto Social continua a fixar o cumprimento total da Lei das Estatais nas indicações”, acrescentou a companhia na nota.
O forte tombo das ações da Petrobras no pregão de hoje (23) ficou ligado à questão política. Em síntese, os investidores não querem que a companhia retome as nomeações políticas vedadas pela Lei das Estatais desde 2016, algo que a empresa vem mostrando interesse.
Além disso, a Lei das Estatais não livra a Petrobras de interferência política. Nesse caso, os investidores temem que a escalada dos conflitos no Oriente Médio encareça o petróleo e, para não sofrer com a impopularidade, o governo federal interfira nos preços da estatal, impedindo que a Petrobras reajuste os preços dos combustíveis em relação à cotação do barril de petróleo.
A saber, a companhia leva em consideração a cotação do dólar e a variação nos preços do barril de petróleo para definir os preços dos combustíveis no Brasil. A estatal também considera fatores internos para reduzir a volatilidade dos valores aos consumidores. Contudo, os investidores temem que a empresa congele os preços por interferência do governo.
A guerra entre Israel e o grupo extremista islâmico Hamas continua prendendo a atenção dos investidores. São mais de duas semanas de muita tensão e ataques de ambos os lados, que já provocaram a morte de quase 6,5 mil pessoas, além de milhares de feridos e dezenas de reféns.
No último final de semana, Israel realizou bombardeios na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. O país afirmou que os ataques ocorreram em locais em que havia terroristas do Hamas. Inclusive, a expectativa é que Israel invada a Faixa de Gaza por terra em breve.
Do ponto de vista econômico, todo esse caos vem preocupando os analistas, que temem o aumento no preço do petróleo caso outros países do Oriente Médio se envolvam nos conflitos. Isso poderia pressionar a inflação em todo o mundo, fazendo os bancos centrais manterem os juros elevados, ou até mesmo voltarem a aumentá-los.
Caso os conflitos tenham uma escalada ainda maior, há um risco iminente de problemas na cadeia de produção e exportação de petróleo, ainda mais ao considerar que 60% da produção mundial de petróleo se concentra Oriente Médio.