Se você é um estudante perfeccionista, provavelmente está familiarizado com a sensação de querer fazer tudo certo. Você pode ter dificuldade em estudar para concursos ou vestibulares, entregar trabalhos, sofrer com projetos em andamento e até mesmo se preocupar com pequenos erros do passado.
A saber, padrões elevados significam uma coisa, mas perfeccionismo é outra bem diferente. E, como alguns pesquisadores descobriram, buscar a perfeição pode ter consequências graves para o bem-estar físico e mental.
De acordo com os pesquisadores, os perfeccionistas seguem padrões irrealistas e tornam-se autocríticos se acreditarem que não cumpriram esses padrões. Eles também tendem a sentir culpa e vergonha se passarem por fracassos, o que muitas vezes os leva a evitar situações em que temem poder errar, como em provas de concursos, por exemplo.
Para se ter ideia, há muitos concurseiros estudando por aí e não fazendo suas inscrições por acharem que não estão prontos. Ou que não estudaram o suficiente. Você por acaso é assim?
Embora muitas pessoas vejam a busca pela excelência como uma coisa boa, os pesquisadores dizem que, no extremo, o perfeccionismo na verdade tem ligação com uma saúde mental mais baixa.
De acordo com uma análise realizada com um total de 284 estudos (com mais de 57.000 participantes), descobriu-se que o perfeccionismo estava associado a sintomas de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e transtornos alimentares.
Além disso, constatou-se que pessoas com mais perfeccionismo (ou seja, participantes que se identificavam mais fortemente com traços perfeccionistas) também relataram níveis mais elevados de sofrimento psicológico geral.
Os psicólogos têm debatido esse ponto, com alguns sugerindo que pode haver algo como perfeccionismo adaptativo, no qual as pessoas se mantêm em padrões elevados sem se envolver em autocríticas sobre os erros que cometem.
De acordo com determinados pesquisadores, uma forma mais saudável de perfeccionismo envolve perseguir metas porque você deseja, e não se culpar se não conseguir atingir uma meta. Ou seja, você quer muito passar em um concurso e fica obstinado nisso até conseguir. Por outro lado, caso isso não ocorra ou demore, não se frustra ou desiste.
Entretanto, há estudiosos que garantem que o perfeccionismo não é adaptativo: de acordo com essa corrente, é mais do que apenas se manter em padrões elevados, e eles não acham que o perfeccionismo seja benéfico.
Em um estudo , os pesquisadores observaram como o perfeccionismo mudou ao longo do tempo. Os pesquisadores revisaram dados previamente coletados de mais de 41.000 estudantes universitários, de 1989 a 2016.
Eles descobriram que, ao longo do período estudado, os estudantes universitários relataram níveis crescentes de perfeccionismo. Mantiveram-se em padrões mais elevados, sentiram que havia expectativas muito altas sobre eles, e manteve os outros em padrões mais elevados.
Importante ressaltar que o que mais aumentou foram as expectativas sociais que os jovens adquiriram do ambiente ao redor. Os pesquisadores levantam a hipótese de que isso pode ser porque a sociedade está cada vez mais competitiva: os estudantes universitários podem pegar essas pressões de seus pais e da sociedade, o que aumentaria as tendências perfeccionistas.
Como o perfeccionismo está associado a resultados negativos, o que estudante com tendências perfeccionistas pode fazer para mudar seu comportamento?
De acordo com os psicólogos, desistir da perfeição não significa ter menos sucesso. Então essa seria uma alternativa plausível. Na verdade, como os erros fazem parte do aprendizado e do crescimento, aceitar a imperfeição pode realmente nos ajudar a longo prazo.
Desenvolver o chamado código mental construtivo também pode ajudar muito a evitar que o perfeccionismo atrapalhe as metas. Pesquisadores da Universidade de Stanford descobriram que cultivar uma mentalidade construtiva é uma forma crucial de nos ajudar a aprender com nossas falhas.
De acordo com profissionais, a terapia cognitivo-comportamental pode ser uma forma de ajudar as pessoas a mudar suas crenças sobre o perfeccionismo. Embora esteja ligado à diminuição da saúde mental, a boa notícia é que é algo que você pode mudar. Trabalhando para ver os erros como oportunidades de aprendizagem e substituindo a autocrítica pela autocompaixão, pode-se superar o perfeccionismo. A partir daí, dá para desenvolver uma maneira mais saudável de definir metas para si mesmo.