O Ministro da Economia, Paulo Guedes, polemizou nesta quarta-feira (21). Em declaração, o chefe da pasta econômica disse que seria falsa a ideia de que 33 milhões de pessoas estariam passando fome no Brasil hoje. Ele acompanha a opinião do presidente Jair Bolsonaro (PL), que também criticou o levantamento recentemente.
“Isso são fatos econômicos, não adianta. A tática política é de barulho: 33 milhões de pessoas passando fome. É mentira, é falso. Não são esses os números”, disse Paulo Guedes. Ele deu a declaração enquanto participava de um evento do setor automotivo durante a manhã desta quarta-feira (21), na cidade de São Paulo.
“O consumo dos mais frágeis está garantido com a transferência de renda. Por isso, é impossível que tenha 33 milhões de pessoas passando fome. Elas estão recebendo três vezes mais do que recebiam antes. E mesmo que tenha tido inflação e aumento de preço, não multiplicou por três, então o poder de compra está mais do que preservado”, completou ele.
O Ministro da Economia não citou a pesquisa exatamente, mas ele está se referindo ao Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. O levantamento aponta que existem mais de 33,1 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar grave, ou seja, quando não há garantia de acesso à alimentação suficiente.
Embora negue os números da pesquisa, Guedes não apresentou, ao menos durante a declaração, os dados que poderiam refutar o documento. Ele disse apenas que o aumento no valor e no tamanho do Auxílio Brasil impediriam o aumento da fome. “Nós estamos transferindo três vezes mais recursos para os frágeis”.
De fato, o Auxílio Brasil vem aumentando de tamanho nos últimos meses. Entre o final do ano passado e agosto de 2022, o número de usuários do programa social aumentou mais de 7 milhões. Hoje, mais de 20 milhões recebem o dinheiro do benefício.
Além disso, os valores também cresceram. Quando chegou ao fim, ainda em outubro do ano passado, o antigo Bolsa Família pagava uma média de R$ 189 por família. Hoje, o Auxílio Brasil paga um patamar mínimo de R$ 600.
Contudo, também é fato que nem todas as pessoas que estão passando fome conseguem entrar no Auxílio Brasil. Pesquisa divulgada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), indica que metade dos indivíduos que se encontram em situação de rua não consegue se inscrever no Cadúnico. Trata-se da lista que dá acesso ao Auxílio Brasil.
Os moradores de rua, aliás, não são os únicos. Um cidadão que deseja entrar no Auxílio Brasil, precisa esperar algum tempo até conseguir ser selecionado. Não há um tempo fixo para a espera, mas em alguns casos, ela pode levar até meses.
Há ainda outro ponto importante: nem todas as pessoas que conseguem entrar no Auxílio Brasil, estão automaticamente livres da situação de fome. Dados mais recentes do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apontam que em agosto, os R$ 600 do benefício não eram suficientes para comprar uma cesta básica em 12 das 17 capitais pesquisadas.