Parnasianismo no Brasil

Movimento ocorrido no século XIX que prezava a estética perfeita em poemas

O parnasianismo no Brasil foi um movimento literário que revelou grandes nomes da poesia brasileira como Olavo Bilac, Goulard de Andrade, Teófilo Dias, Raimundo Correia e outros escritores que tinham em comum o gosto pela estética das rimas.

O parnasianismo surgiu como uma crítica ao Romantismo. Esse estilo originou-se na França, em 1850, com o crítico literário francês Théophile Gautier, e a primeira publicação desse movimento na Europa foi o Parnasse Contemporain, em 1871.

O parnasianismo brasileiro também teve início no século XIX, um pouco depois do surgimento na Europa. Estima-se que, em 1878, o poeta brasileiro Alberto de Oliveira já adotava as características do parnasianismo na obra “Canções Românticas”. No entanto, o registro oficial do início do parnasianismo no Brasil data o ano de 1882.

Esse movimento francês teve cunho poético e contemporâneo do Realismo-Naturalismo e surgiu para contrapor-se ao Romantismo, predominando o resgate da descrição detalhada de assuntos universais.

O nome Parnasianismo deriva do termo da mitologia grega “Parnaso” e esse movimento tinha princípios baseados na teoria da “Arte pela Arte”, que ressaltava o refinamento através da independência artística.

No Brasil, o parnasianismo seguiu o modelo francês, mas apresentou despreocupação com a objetividade tão prezada pelos franceses. Assim, as obras priorizavam a qualidade estética e a perfeição estrutural.

 

Características do parnasianismo

Com inspiração na poesia do realista Charles Baudelaire e do precursor do parnasianismo no mundo, esse movimento tinha um ideal positivista e valorizava a objetividade da ciência, defendendo que a palavra deveria ser objeto do poema.

Para os parnasianos a beleza da poesia deveria ser alcançada através do rigor da forma, deixando a inspiração em segundo plano. Por isso, foi um movimento cujas características eram marcadas pela rima, objetividade, referência à prosa, valorização exagerada da estrutura da poesia, palavras medidas e corretas gramaticalmente, descrição de detalhes, impessoalidade e escritas sobre temas universais.

A estética perfeita era uma das principais marcas desse estilo literário, que destacava os sonetos com uma composição dividida em duas estrofes de quatro versos e duas estrofes de três versos.

As escritas parnasianas demonstravam preocupação com a metrificação, tendo a quantidade de sílabas iguais à quantidade de estrofes. As figuras de linguagem também eram utilizadas na construção das poesias.

O parnasianismo no Brasil, no seu início, espelhava-se no modelo vindo da França. Contudo, firmou-se em características próprias como a preferência pelo verso alexandrino. Os versos com essa classificação são compostos por doze sílabas poéticas, sendo o segundo verso mais longo de uma poesia, com estrofes iguais. Também é conhecido como Alexandrino Clássico ou Alexandrino Francês, sendo um tipo de verso aparente em poesias bem trabalhadas gramaticalmente e foneticamente. O primeiro poeta brasileiro que utilizou o verso alexandrino foi Machado de Assis.

As obras do parnasianismo no Brasil possuíam tendência ao pessimismo ou ao sensualismo, sobretudo das mulheres, e tratavam de temas que não desprendiam da objetividade como no parnasianismo francês. Os poetas dessa época buscavam o sentido da vida por meio da perfeição estética e compartilhavam da crença de que o homem estava preso à matéria.

Escritores do parnasianismo no Brasil

No Brasil destacaram-se nomes como:

Adelino Fontoura Bernardino Lopes João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes Raimundo Correia
Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior Carlos Magalhães de Azeredo Jonas da Silva Rodrigo Otávio
Antônio Mariano de Oliveira Emílio de Meneses José Maria Goulart de Andrade Teófilo Dias
Antônio Augusto de Lima Félix Pacheco Luís Carlos da Fonseca Monteiro de Barros Teotônio Freire
Antônio Sales Francisca Júlia da Silva Luís Delfino Valentim Magalhães
Artur de Azevedo Guimarães Júnior Luís Murat Vicente de Carvalho
Artur de Oliveira Guimarães Passos Mário de Alencar Yde Schloenbach Blumenschein
Bastos Tigre Gustavo Teixeira Olavo Bilac
Batista Cepelos Humberto de Campos Olegário Mariano

Tríade Parnasiana

Dentre os diversos escritores do parnasianismo no Brasil, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac e Raimundo Correia ficaram conhecidos por integrar a Tríade Parnasiana, nome dado à formação do trio de poetas desse movimento literário.

Alberto de Oliveira

Alberto de Oliveira é o pseudônimo do poeta, professor e farmacêutico brasileiro Antônio Mariano Alberto de Oliveira (1857 – 1937). Ele é considerado o líder do parnasianismo no Brasil. Foi secretário estadual de educação, membro honorário da Academia de Ciências de Lisboa e imortal fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Natural de Saquarema, Alberto de Oliveira participou da “Batalha do Parnaso”, que resultou na revolução da poesia brasileira. Suas obras mais famosas são os poemas reunidos no livro “Canções Românticas”; “Meridionais”; “Céu, Terra e Mar”; “Versos e Rimas” e “O Culto da Forma na Poesia Brasileira”.

Olavo Bilac

Um dos principais representantes do parnasianismo no Brasil, o escritor e jornalista Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac, conhecido como Olavo Bilac (1865 – 1918), ganhou reconhecimento por dedicar-se à literatura nacional e por ter sido o responsável pela criação da letra do hino à Bandeira do Brasil.

Bilac é autor de poemas populares como “Via Láctea”, “Língua Portuguesa”, “Ora (direis) ouvir estrelas” e “Contos para velhos”. Em 1907, foi eleito “príncipe dos poetas brasileiros” e tornou-se membro fundador da Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira número 15.

Raimundo Correia

O juiz e poeta Raimundo da Mota de Azevedo Correia (1859 – 1911), cuja assinatura é Raimundo Correia, iniciou na carreira de escritor através do livro intitulado “Primeiros sonhos”. Porém, foi somente em 1883, por meio de “Sinfonias”, que  passou a ser considerado um dos destaques do parnasianismo no Brasil.

Em suas obras, Raimundo abordava temas sobre a perfeição formal dos objetos e a poesias diferenciaram-se dos demais escritores parnasianos por serem muito pessimistas.

As obras de destaque foram:  “Primeiros Sonhos” (1879); “Sinfonias” (1883), “Versos e Versões” (1887), “Aleluias” (1891) e “Poesias” (1898).

 

Decadência do Parnasianismo no Brasil

O parnasianismo no Brasil estendeu-se até a Semana de Arte Moderna, quando o movimento passou a ser considerado “fora de moda”.  O motim para o enfraquecimento do parnasianismo começou quando Oswald de Andrade retornou da Europa, em 1912, e espantou-se com o fato do país não ter avançado em outros movimentos literários, o que considerou um “atraso de 50 anos em cultura”.

Assim, o parnasianismo no Brasil perdeu espaço para a renovação cultural trazida pela Semana de Arte Moderna, que representou uma revolução na literatura e marcou uma nova época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos, como a poesia feita através da declamação.