Em crises econômicas é comum que as famílias façam trocas na educação das crianças e adolescentes para opções mais em conta ou gratuitas. Com a pandemia do novo coronavírus, as transferências de escolas particulares para públicas dispararam.
De acordo com Ademar Batista Pereira, presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), a perda de matrículas cresceu desde o início da quarentena. “Nos últimos 4 meses, perdemos entre 1% e 2% dos alunos – quando, até a crise, ganhávamos de 2% a 3% de alunos por ano”, ressaltou.
As escolas particulares tinham matriculados 9 milhões de estudantes do ensino infantil ao ensino médio, segundo dados do Censo Escolar 2019. No entanto, o que se espera para o segundo semestre de 2020 e também para 2021 é que as mudanças desses alunos para escolas estaduais e municipais cresçam ainda mais.
As razões para isso permeiam o desemprego e a baixa na renda das famílias brasileiras. Quem não ficou sem trabalho teve que se adaptar a salários reduzidos, insuficientes para arcar com uma diversidade de custos que podem ser cortados em um primeiro momento.
Para se ter uma ideia, uma pesquisa realizada pelo IBGE exibiu que atualmente mais da metade dos brasileiros com idade laboral, ou seja, que estão aptos para trabalhar ativamente, está sem qualquer ocupação remunerada.
Sendo assim, escolas e faculdades privadas podem sofrer grandes impactos e até virem à falência. A estimativa, segundo especialistas, é que a inadimplência e cancelamentos de matrículas podem falir metade de tais instituições de ensino.
Por outro lado, quem precisa matricular os filhos em escolas públicas em meio à pandemia enfrenta a dificuldade em encontrar vagas e efetivar essa inscrição.
Muitos Estados não se programaram para receber esse aumento drástico de pedidos, é o caso do Rio de Janeiro. Pais que tentam a transferência encontram informações que as matrículas estão suspensas nesse período de isolamento social.
Já em São Paulo, a situação tende a ser mais facilitada, pois o governo do Estado liberou uma página na internet para que os pais possam fazer uma pré-matrícula. Até mesmo a entrega de documentos é feita pela web. Posteriormente, os responsáveis pela unidade escolar vai analisar os materiais enviados e efetivar a matrícula.
Quando o caso é dificultado, como ocorre em cidades do Rio de Janeiro, a recomendação é que os pais façam a documentação de todas as tentativas de matrículas. Isso ajuda a resguardar os direitos das famílias, que não podem ser responsabilizadas pela falta de vagas ou pelo adiamento das efetivações de matrículas.