Segundo levantamento realizado pela Associação Brasileira das Mantenedoras do Ensino Superior (ABMES), a pandemia do novo coronavírus pode trazer consequências sérias ao ensino superior, com queda no número de alunos matriculados.
O levantamento divulgado nesta terça-feira (28), na plataforma da ABMES, faz parte do estudo “Coronavírus e Ensino Superior: o que os alunos pensam”.
Nesse sentido, o levantamento foi feito a partir de depoimentos de estudantes e revelou que o adiamento das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020 poderá tirar a chance de pelo menos 3,5 milhões de estudantes de ingressarem no ensino superior privado. Cabe ressaltar que, no nível superior, as instituições privadas são maioria no Brasil.
A realização das provas do Enem 2020 estava prevista para novembro deste ano, contudo, em decorrência do avanço da pandemia, as datas sofreram mudanças. Assim, o Ministério da Educação (MEC) definiu que o Enem 2020 deverá ser realizado apenas em janeiro e fevereiro de 2021.
As notas do Enem podem ser utilizadas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), no ProUni e também no Fies. Desse modo, o exame funciona como porta de entrada em instituições particulares para muitos estudantes. O problema no adiamento do Enem está justamente no atraso do calendário, que impossibilitará os alunos de usarem suas notas para ingressar em faculdades particulares.
De acordo com o levantamento, 64% das matrículas no ensino superior privado são feitas após a divulgação dos resultados do Enem e início do ano letivo, que em 2021 deverá ocorrer apenas no fim de março. Segundo a Abmes, 80% dos estudantes só fazem suas matrículas após o saber a nota obtida no Enem.
Com isso e alguns outros fatores, em 2021, o número de matrículas do ensino superior poderá diminuir drasticamente. Nesse sentido, Sólon Caldas, diretor executivo da Associação, aponta pelo menos quatro fatores que poderão colaborar para a queda no número de matrículas.
Entre os fatores apontados por Caldas, está a evasão e a inadimplência, resultantes do aumento do desemprego e consequente redução de renda no período da pandemia, além de cortes nos programas de financiamento estudantil a partir de 2021, como o governo federal já sinalizou.
Uma das consequências da queda de matrículas será um pagão da mão de obra em pelo menos 5 anos, já que o número de pessoas formadas será reduzido.
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