Muitos motoristas brasileiros têm o costume de esticar ao máximo o combustível do tanque, aguardando até a luz da reserva acender para abastecer. Seja por questões financeiras, procrastinação ou simplesmente por achar que não há problema algum, essa prática aparentemente inofensiva pode trazer sérias consequências para o veículo e comprometer a segurança no trânsito.
Compreender os riscos associados a esse hábito é fundamental para preservar seu automóvel e evitar gastos desnecessários com manutenção.
O problema mais grave de manter o tanque constantemente na reserva está relacionado à bomba de combustível. Em veículos modernos, esse componente fica submerso dentro do tanque e depende do próprio combustível para sua refrigeração e lubrificação. Quando o nível está muito baixo, a bomba trabalha sem o resfriamento adequado, operando em temperaturas elevadas que aceleram seu desgaste.
Com o passar dos anos, é natural que resíduos e sedimentos se acumulem no fundo do tanque de combustível. Essas impurezas vêm de diversas fontes: do próprio combustível, do processo de transporte e armazenamento, ou até mesmo da oxidação natural do tanque. Em condições normais de uso, com o tanque adequadamente abastecido, esses sedimentos permanecem no fundo sem causar problemas.
Porém, quando você dirige frequentemente na reserva, a bomba acaba sugando esses resíduos junto com o combustível. O material contaminado sobrecarrega o filtro de combustível e pode chegar até componentes sensíveis como os bicos injetores. Uma vez entupidos, esses componentes causam falhas no motor, aumento no consumo e perda de desempenho, exigindo limpeza especializada ou substituição.
Ficar sem combustível no meio do trajeto não é apenas um inconveniente, é uma situação que pode colocar você e outros motoristas em perigo. Imagine parar repentinamente em uma via movimentada, em um túnel ou em uma estrada isolada durante a noite. Além do risco à segurança, a pane seca é considerada infração média pelo Código de Trânsito Brasileiro.
Em algumas situações, principalmente em vias de alta velocidade, a pane seca pode causar acidentes graves, tornando o motorista responsável por danos a terceiros.
Veículos equipados com injeção eletrônica são particularmente sensíveis a variações no fornecimento de combustível. Quando o tanque está muito baixo, podem ocorrer bolhas de ar no sistema, causando uma mistura ar-combustível inadequada. Esse desequilíbrio resulta em diversos problemas: dificuldade na partida, especialmente em aclives onde o combustível se desloca para longe da bomba, falhas durante a aceleração e marcha lenta irregular.
O sistema eletrônico tenta compensar essas variações, mas o esforço adicional pode causar desgaste prematuro de sensores e atuadores. Em casos extremos, a central eletrônica pode registrar códigos de erro que exigem diagnóstico especializado para serem corrigidos.
Tentar economizar combustível dirigindo na reserva pode resultar em maior gasto. Quando o sistema precisa trabalhar com mais esforço para sugar o pouco combustível disponível, o consumo aumenta. Além disso, as falhas e perdas de eficiência causadas pelos problemas mencionados anteriormente também contribuem para um consumo maior.
Considerando todos os custos potenciais, aumento no consumo, manutenções preventivas mais frequentes, possíveis reparos emergenciais e multas, fica claro que manter o tanque adequadamente abastecido é, na verdade, mais econômico a longo prazo.
Especialistas recomendam manter sempre pelo menos um quarto do tanque abastecido. Essa margem de segurança garante o funcionamento adequado de todos os sistemas e previne os problemas descritos. Planeje seus trajetos considerando paradas para abastecimento e evite deixar para a última hora.
A manutenção preventiva também é importante: troque o filtro de combustível conforme recomendado pelo fabricante e realize inspeções periódicas no sistema. Usar combustível de qualidade, de distribuidoras confiáveis, também ajuda a reduzir o acúmulo de resíduos no tanque.
Dirigir esporadicamente na reserva em situações emergenciais não causará danos imediatos, afinal, o sistema foi projetado para suportar essas eventualidades. O problema está em transformar isso em rotina, acumulando pequenos danos que resultarão em grandes prejuízos futuros.
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