Na última quinta-feira (28), o presidente do Banco Central do Brasil (BCB), Roberto Campos Neto, expressou sua intenção de alinhar o Pix com os cartões de crédito, visando fortalecer a programabilidade do sistema. Ele destacou o desejo de ampliar a automação dos pagamentos, permitindo simular transações de cartão de crédito por meio do Pix.
Campos Neto evidenciou que o pagamento automático já está presente no sistema brasileiro de pagamentos instantâneos, como no débito automático para contas de luz, telefone ou serviços como Netflix, onde os débitos são mensalmente realizados nas contas dos usuários. Além disso, alguns bancos possibilitam o uso do limite do cartão de crédito para efetuar pagamentos via Pix.
Em entrevista ao jornal O Globo, o executivo ressaltou que quer evoluir essa automatização para efetuar o bloqueio do outro lado, eventualmente, permitindo que a trilha seja utilizada para emular operações de cartão de crédito. Ele sugeriu que isso poderia resultar em operações de crédito parcelado com custos mais baixos do que os atuais.
Campos Neto também abordou a internacionalização do Pix durante a entrevista, afirmando que está na pauta do G20, o grupo das 20 principais economias mundiais, a criação de uma governança para pagamentos internacionais.
Ele destacou que essa internacionalização já está em prática, com diversos países da América Latina adotando o Pix, além de alguns bancos europeus.
O presidente do BCB mencionou relatos de uso significativo do Pix em locais como França e Orlando, nos Estados Unidos, onde há uma concentração considerável de brasileiros. Ele expressou o desejo de estabelecer um sistema de conexão mais amplo e acessível internacionalmente.
Para o próximo ano, o Banco Central (BC) planeja lançar o Pix Automático em 28 de outubro, uma nova funcionalidade destinada a pagamentos recorrentes via Pix. Por exemplo mensalidades escolares ou contas de serviços públicos, sem a necessidade de autenticação a cada transação, após a autorização prévia do usuário.
Essa ferramenta funcionará de maneira análoga ao débito automático, porém, ao invés de inserir o valor na fatura do cartão de crédito, o pagamento será efetuado diretamente por transferência instantânea via Pix. Dessa forma, os consumidores não ficarão dependentes dos limites estabelecidos pelas instituições financeiras.
O Pix Automático, segundo o Banco Central, tem o potencial de alcançar um público mais amplo em comparação ao débito automático tradicional. Pois não exigirá convênios individuais entre empresas e diferentes instituições financeiras.
Ao contrário do Pix Agendado recorrente, o Pix Automático estará disponível apenas para transações entre pessoas jurídicas, ideal para pagamentos de serviços prestados.
Seguindo o cronograma do BC, o desenvolvimento dos sistemas do Pix Automático está previsto para ocorrer entre janeiro e agosto de 2024. Assim com testes entre agosto e setembro, para ser lançado oficialmente em outubro.
O Banco Central anunciou penalidades para participantes que não disponibilizarem o Pix Automático após os testes. Tal qual com multas diárias por atraso na oferta, limitadas a 60 dias.
Entre as regras gerais para o funcionamento do Pix Automático, estão a definição de etapas para a autorização prévia. Ainda mais regras de cancelamento dessa autorização, procedimentos para a rejeição e liquidação das transações.
Além de especificações sobre as funcionalidades para pagadores e recebedores, devoluções e responsabilidades em caso de erros. Como também limites diários para transações relacionadas ao produto, entre outras.
O Pix celebrou três anos em 2023, movimentando, até 31 de outubro, R$ 29,7 trilhões em 66,5 bilhões de transações. Conforme dados do Banco Central, consolidando-se como o meio de pagamento mais utilizado no Brasil. Contudo com uma média de R$ 27,5 milhões movimentados por dia desde sua criação.