O cenário empresarial no Brasil continua a ser abalado pelo fechamento de lojas físicas. Desta vez, uma das gigantes do setor de livros, a Saraiva, protagoniza a notícia com o encerramento de suas operações presenciais em todo o país.
Contudo, essa decisão pegou muitos brasileiros de surpresa e levanta questões sobre a saúde do setor, que tem visto uma série de estabelecimentos encerrando suas atividades.
A Saraiva, uma das maiores livrarias do Brasil, anunciou recentemente que está concentrando seus esforços exclusivamente nas vendas online, encerrando suas últimas cinco lojas físicas restantes. Em suma, a empresa enfrenta um processo de recuperação judicial desde 2018 e essa medida faz parte de sua estratégia para se reerguer.
O encerramento das lojas físicas levou à dispensa de cerca de 150 colaboradores que desempenhavam funções administrativas. A empresa planeja continuar operando exclusivamente no ambiente digital, focando na venda de livros.
No entanto, isso se tornou necessário devido à falta de estoque próprio da Saraiva. Já que não há mais produtos com a marca sendo comercializados nas lojas físicas.
De forma sucinta, a situação financeira delicada da Saraiva começou a se deteriorar em 2018, quando a empresa acumulou uma dívida de R$ 675 milhões. Naquela época, um acordo foi estabelecido com os credores para evitar a falência. Contudo, infelizmente, a queda nas vendas nos últimos semestres fez com que a empresa não conseguisse cumprir o acordo.
No segundo trimestre deste ano, a Saraiva registrou um prejuízo operacional de R$ 11 milhões, representando um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, a receita líquida nas lojas físicas sofreu uma queda acentuada de 60,2% em comparação com o ano anterior, totalizando R$ 7,2 milhões.
É importante notar que a Saraiva não é a única empresa no setor de livros enfrentando dificuldades financeiras. A Livraria Cultura, outra importante figura no setor, teve sua falência oficializada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) em fevereiro deste ano, e essa decisão foi posteriormente ratificada pela Câmara de Direito Empresarial do Tribunal em maio.
Entretanto, em junho do mesmo ano, a Livraria Cultura conseguiu uma liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que suspendeu a declaração de falência, abrindo caminho para que a empresa continuasse a buscar sua recuperação judicial.
Desse modo, durante esse período, a unidade mais conhecida da Livraria Cultura em São Paulo chegou a ser fechada devido à ameaça de despejo por falta de pagamento de aluguéis. Contudo, a loja foi reaberta em agosto, quando o STJ reverteu a situação de falência após a suspensão da liminar de despejo pelo TJSP, pelo menos até a conclusão do processo.
Conforme relatado pelo portal Sebrae, há atualmente múltiplas solicitações de falência relacionadas à Saraiva. Incluindo uma dívida pendente de R$ 241 mil com um credor que não está incluído no processo de recuperação judicial da empresa.
A situação da Saraiva permanece incerta, e os desafios financeiros que ela enfrenta servem como um alerta para todo o setor de livrarias no Brasil, que precisa se adaptar rapidamente às mudanças no mercado e à crescente preferência dos consumidores pelas compras online.
Muitos fatores impactam a saúde financeira de uma empresa. Entretanto, o setor de livrarias já está passando por crises há algum tempo no país. Desse modo, fica difícil para uma empresa sobreviver quando a sua administração possui falhas, ao passo que também o seu segmento de atuação passa por uma grande crise como, infelizmente, está acontecendo atualmente.