Nesta quarta (03), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que nunca aplicará um lockdown no país para conter o avanço da Covid-19, que causou 1.840 mortes em 24h no Brasil — um recorde desde o começo da pandemia. A declaração foi dada em conversa com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada e repercutida em site bolsonarista.
“No que depender de mim nunca teremos lockdown. Nunca, uma política que não deu certo em lugar nenhum do mundo. Nos Estados Unidos vários estados anunciaram que não têm mais [lockdown]. Não quero polemizar esse assunto aí”, disse o presidente.
A afirmação de que lockdown não deu certo em lugar nenhum é mentirosa. Países como Portugal adotaram a medida e viram os casos de Covid-19 despencarem em poucas semanas. Em Portugal a queda foi de 73% no número de casos em um mês, já o Reino Unido registrou queda de 81% no número de infecções após o lockdown.
“Não aguenta mais. O cara quando fecha uma empresa, 10, 12 pessoas mandadas embora, dificilmente arranja emprego novamente.”, completou Bolsonaro no momento em que o Brasil vive o pior momento da pandemia de Covid-19.
Com os 1.840 óbitos registrados na quarta (03), o Brasil chegou ao 42° dia seguido com mais de mil mortes por Covid-19. Além disso, a média móvel de mortes bateu um novo recorde pelo 5° dia consecutivo, com média de 1.332 vidas perdidas para Covid-19 por dia.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), fez duras críticas sobre a gestão da pandemia de Covid-19 pelo governo federal. Segundo ele, o presidente tem responsabilidade direta sobre as mortes pelo novo coronavírus.
“Não tem como entender que o presidente da República não seja responsável por esse número de mortes no Brasil uma vez que gera confusão. (…) É desumano, é egoísta e é uma irresponsabilidade. Se a sua preocupação é a economia, ouça o seu ministro da Economia que diz que vacinar é o grande programa de recuperação econômica. A vacina é que vai parar o vírus. E se não podemos parar o vírus temos que parar as pessoas que carregam o vírus”, afirmou o governador.
Wellington Dias (PT), governador do Piauí, disse que para frear o avanço da Covid-19 no Brasil, o país precisa adotar medidas restritivas, indo na contramão da fala do presidente.
“Onde vamos parar? Até onde temos que chegar para ter sensibilidade de centralização para ações nacionais? Há a necessidade de outras medidas restritivas, como fazem outros países. E isso só é possível através do governo federal, ou então estaremos todos os dias vendo o coronavírus vencer. E vencer significa mortes.”, disse Wellington.
No total, o Brasil registra 10.722.221 casos e 259.402 óbitos por Covid-19 desde o início da pandemia.