Após uma badalada estreia do Nubank na bolsa de Nova York, em 9 de dezembro do ano passado, o banco digital subiu ao posto de mais valioso da América Latina, desbancando o Itaú e o Bradesco. Porém, as ações caíram logo no primeiro mês de negociações, além de diminuir ainda mais nas últimas semanas.
Após esta desvalorização que ocorreu na primeira quinzena e nos últimos dias, as ações do Nubank se encontram sendo negociadas 20% abaixo do preço definido na oferta pública inicial de ações, conhecida como IPO, em inglês. O Banco digital vendeu papéis a US $9 na oferta e, na última terça-feira (25), a cotação chegou a US$7,20 na Bolsa de Nova York.
Após a estreia, o papel chegou a ser negociado a US$11,85, o maior valor até o momento. Desde então, diante do contexto de mercado negativo para papéis de empresas de tecnologia, o valor caiu cerca de 40%.
A expectativa de altas nos valores dos juros nos Estados Unidos no ano de 2022 tirou parte da atratividade de ações de empresas com alto crescimento, porém com lucro zero, como é o caso do Nubank.
Há duas semanas, o Banco Itaú reassumiu o posto de instituição financeira mais valiosa da América Latina. Isso ocorreu após a desvalorização do papel da fintech. Com a queda sofrida pela mesma desde então, a instituição já vale menos que o Bradesco.
O Bradesco, segundo maior banco privado do país, tem capitalização de US $35,6 bilhões. Já o Itaú é avaliado em US $40,5 bilhões e o Nubank tinha valor de mercado de US $32,9 bilhões. Este valor é cerca de US $9 bilhões a menos que o valor em que ele estreou na bolsa de valores.
Após a oferta inicial ser bem sucedida, as expectativas do mercado se voltam para os resultados obtidos no quarto trimestre de 2021, que serão os primeiros que o Nubank divulgará como companhia aberta. A fintech ainda não divulgou a data de anúncio desses números.
Nesta segunda-feira (24), o Itaú BBA divulgou relatório onde projeta que o Nubank apresentará lucro de R$ 203 milhões, porém fechará 2021 com prejuízo de R$ 326 milhões no período.
As receitas totais da fintech devem crescer cerca de 28% em relação ao terceiro trimestre de 2021. Este crescimento se dá graças à expansão da base de cartões e da carteira de crédito como um todo. O número de clientes Nubank deve chegar a 53,4 milhões e as receitas totais devem alcançar os R$ 4,6 bilhões.
Segundo o analista do Itaú BBA, Pedro Leduc, “Um cenário global mais adverso para growth (papéis de crescimento) é tirar o investidor internacional do papel. Sobre o local, e aí entra a perspectiva para o desempenho”.
O BBA projeta um ano desafiador para os bancos digitais brasileiros, como o Nubank. A casa ponderou que a dependência dos cartões de crédito é um problema. “Cartões de crédito são um produto-chave para a monetização e o engajamento em bancos digitais, e é onde provavelmente veremos a maior deterioração da inadimplência”
“Particularmente entre brasileiros de menor renda, que respondem pela maior parte das bases de clientes do Nubank e do Pan”, completaram os analistas.