Não é verdadeira a informação de que o governo eleito estaria analisando a possibilidade de reduzir o Auxílio Brasil de determinadas famílias. Ao menos foi o que disse a ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Márcia Lopes. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, ela revelou alguns pontos que são discutidos no grupo na equipe de transição do governo Lula sobre o tema.
“Até aqui, o que nós temos de informação e de decisão é assegurar que nenhuma família vai receber menos (de R$ 600), pelo menos nos próximos meses. Acho que tudo é passível de ser melhorado e aprimorado, mas na perspectiva de assegurar o direito das famílias e as necessidades”, disse a ex-ministra na entrevista.
“Nós sabemos bem que nem os R$ 600 são suficientes para uma família se manter durante um mês, haja visto o preço dos alimentos, o preço do gás. Então os R$ 600 por família estão assegurados, mais a ideia dos R$ 150 por criança até 6 anos”, completou ela quando questionada sobre as prioridades do novo governo.
De todo modo, Lopes não negou que a equipe de transição está de olho nas denúncias de que algumas famílias estariam trabalhando para burlar o sistema de pagamentos do Auxílio Brasil. Ela assegurou que o novo governo vai trabalhar aos poucos para conseguir corrigir possíveis erros no sistema do Cadúnico.
“A gente nem sabe bem, quando você fala que as famílias se dividiram (para conseguirem receber um valor maior no programa), quantas são?, onde estão? Em que momento foi isso? Por que isso? É muito difícil a gente anunciar ou chegar a qualquer conclusão sem ter essa base de dados consistente”, completou a ex-ministra.
Na mesma entrevista, Márcia Lopes disse que a prioridade do governo Lula será combater a fome.
“A primeira prioridade é combater a fome, mas para isso você já começa a articular políticas setoriais que também conversam com o próprio desenvolvimento do país. Tanto a transferência de renda quanto a melhoria da alimentação escolar, do cuidado na saúde, da retomada da produção dos alimentos”, disse ela.
“Nós vamos chamar os secretários municipais. O presidente fala muito da participação dos conselhos, das conferências. É um novo pacto social. E conseguir o Orçamento para assegurar a transferência de renda, isso é fundamental, por isso essa articulação no Congresso”, seguiu.
A ex-ministra também foi perguntada sobre as críticas de que o governo Lula não ofereceria portas de saída para programas sociais como o Bolsa Família (Auxílio Brasil).
“Continua sendo função e tarefa do Estado, do poder público, criar, estimular, facilitar, favorecer que as famílias tenham acesso à educação, à qualificação, a iniciativas de construção de alternativas de renda, de inclusão produtiva, da economia solidária, de tantas iniciativas que são possíveis”, disse ela.
“Mas não basta que seja só o governo federal, aí entram os governos estaduais e também os municípios. Por isso que é inadmissível que o governo federal tente fazer as coisas sem a participação dos estados e municípios. E eu não tenho dúvida que esse desmonte das políticas públicas tem tudo a ver com isso, com essa ruptura do pacto federativo”, completou.