No Brasil, está crescendo o número de estagiários que estão tendo que sustentar suas famílias. Pelo menos é isso o que mostra uma pesquisa que teve encomenda do Centro de Integração Empresa Escola (CIEE). Eles divulgaram esses resultados ainda nesta semana.
De acordo com o levantamento em questão, cerca de 70% dos estagiários do Brasil em 2020 ajudam a família a bancar os custos do mês em casa. Tudo isso com o salário do estágio. Essa taxa era de 66% em 2019, no período que antecedeu a pandemia do novo coronavírus.
Outro dado que chama atenção é o aumento no número de estagiários que estão sustentando a família sozinhos com o dinheiro do salário. De acordo com o levantamento, essa taxa era de 6% em 2019, e subiu para 9% em 2020. Analistas do CIEE afirmam que isso tem total relação com os impactos da pandemia.
É de se imaginar que esses números não mostrem um crescimento da importância do trabalho do estagiário no país. Talvez tudo isso queira dizer apenas que as famílias estão com mais dificuldades de se manter. E aí quase tudo acaba sobrando para o bolso de quem está conseguindo algum dinheiro. Mesmo que seja de um estágio.
De acordo com o levantamento, a média dos salários dos estagiários no Brasil hoje é de R$ 900. Isso quer dizer que essas famílias estão tendo que conviver apenas com essa quantia, ou menos do que isso, para sobreviver. De acordo com a cotação dos preços dos alimentos, não é uma situação fácil para eles.
No entanto, o nível de complexidade aumenta quando uma família não tem um estagiário em casa. Boa parte dos 39,1 milhões de brasileiros que estão recebendo o Auxílio Emergencial só estão ganhando R$ 150 por mês. E isso é um problema para milhares de famílias.
De acordo com dados oficiais de capitais brasileiras, o valor da cesta básica está atingindo níveis recordes nos últimos meses. Para se ter uma ideia, uma cesta básica custa mais do que o Auxílio Emergencial de valor mais alto neste momento.
Em cidades como Porto Alegre, São Paulo e Rio de Janeiro, por exemplo, esse utensílio costuma custar em média mais do que R$ 600. Essa situação faz com que várias pessoas estejam tendo que viver em situações muito complicadas dentro das suas casas neste momento.
Quem está de olho nesses jovens é o Ministro da Economia, Paulo Guedes. Em entrevistas recentes, ele disse que o Governo Federal está preparando um projeto para os adolescentes que não estão conseguindo nem trabalhar nem estudar. São aqueles a que se convencionou a chamar de “nem-nem”.
A ideia de Guedes é oferecer uma espécie de primeiro emprego para essas pessoas em troca de uma bolsa do Governo. Essa quantia, vale ressaltar, seria de um valor menor do que o de um salário mínimo de R$ 1100. De acordo com o Ministro da Economia, esse auxílio seria de R$ 550.
No entanto, como todo o segundo semestre do Governo Federal, esse ainda é um assunto nebuloso. O Palácio do Planalto vem divulgando informações desencontradas sobre o tema, mas não falou nada de concreto. Talvez o Presidente faça isso em um pronunciamento ainda nesta semana. É o que dizem as pessoas próximas ao chefe do executivo.