De acordo com o estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getulio Vargas (FGV), o Natal de 2021 será o mais desigual da série histórica iniciada no ano de 2007. A desigualdade analisada refere-se ao poder de compra da população.
A intenção de compra dos brasileiros que ganham até R$ 4,8 mil e os indivíduos que ganham mais do que esse valor chegou a 44,4 pontos. Essa é a maior diferença dos últimos 14 anos. Apesar da desigualdade acentuada, o consumo neste natal deve ser maior do que o ano anterior, durante o primeiro ano de pandemia.
Segundo o estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas o Natal de 2021 registrou a quarta menor intenção de compra dos últimos 14 anos. Apesar disso, o número subiu de 40,7 em 2020 para 60,1.
“Durante a pandemia, ao longo de 2020, tivemos uma queda da confiança e de poder aquisitivo de forma mais homogênea. Muita gente perdeu emprego, houve restrições de renda em praticamente todas as classes” disse Viviane Seda, Coordenadora das Sondagens do FGV IBRE.
O estudo ainda constatou que neste ano houve uma melhora econômica para as famílias de maior poder aquisitivo. Já as famílias de baixa renda apresentaram piora e encontram-se mais endividadas.
“O cenário para o próximo ano é melhor do que o do ano de 2021 A inflação deve desacelerar um pouco em relação a este ano. Mas, diante das projeções em relação à correção monetária, 2022 ainda será um ano de cautela, e deverá refletir novamente no consumo. As atividades econômicas ainda podem ser afetadas por uma contração da economia. Diante desse cenário, a recuperação do mercado de trabalho deverá ser ainda lenta”, complementa Viviane Seda.
Um levantamento realizado também pelo Instituto Brasileiro de Economia da FGV constatou que a alta inflação tem sido um desafio para as famílias brasileiras neste final de ano durante a ceia de natal. A alta no valor dos alimentos deve prejudicar a ceia de natal de diversas famílias. De acordo com o estudo, nos últimos 12 meses o frango inteiro disparou 24,28%, os ovos 17,79%, a azeitona 15,13%, a carne bovina 14,72% e a farinha de trigo disparou 13,70%.
“Os reflexos dos problemas nos custos de produção que sofremos desde o ano passado, com secas, geadas, alta nos preços dos combustíveis e energia elétrica ainda se fazem sentir, sobretudo nas proteínas. O câmbio alto, favorecendo a exportação das carnes, também contribuiu para manter os preços das proteínas em alta. No entanto, é bom ver que o retorno gradual das chuvas já tem normalizado a dinâmica de diversos preços de alimentos como arroz, frutas, hortaliças e legumes” disse Matheus Peçanha, economista do FGV IBRE.
O economista Matheus Peçanha ainda afirmou que o país está em um momento de retorno gradual. Desse modo, é importante ter cautela nesse momento, planejar o consumo durante o natal e utilizar o crédito de modo responsável.