A narração é conhecida na língua portuguesa como um relato de ações que podem ser fictícias ou reais. Os tipos de textos mais conhecidos da narração são, por exemplo: os contos, as fábulas, as crônicas, as novelas, os romances, as lendas, entre outros.
Entende-se que o texto narrativo apresenta como aspecto o relato de histórias que podem ser reais ou fictícias. Mas, esse gênero possui uma organização específica. A lista abaixo apresenta a ordem.
Na narração, os textos podem ser: conto, novela, romance, fábula, crônica, entre outros.
A narração abrange elementos significativos nos quais formam a construção da história. São eles: narrador, personagens, enredo, espaço e tempo.
Esse é uma das peças fundamentais da narração. Ele é quem conta toda a trama. Esse elemento chave é classificado como: narrador-observador, narrador-personagem e narrador-onisciente.
O narrador-observador é caracterizado por narrar as ações e os acontecimentos da história, porém ele não participa dela. Portanto, a narrativa é feita na 3ª pessoa. O trecho abaixo apresenta o exemplo de um narrador-observador.
O cavalo e o burro
Cavalo e burro seguiam juntos para a cidade. O cavalo, contente da vida, folgando com uma carga de quatro arrobas apenas, e o burro — coitado!
Gemendo sob o peso de oito. Em certo ponto, o burro parou e disse:
— Não posso mais! Esta carga excede às minhas forças e o remédio é repartirmos o peso irmanamente, seis arrobas para cada um.
O cavalo deu um pinote e relinchou uma gargalhada.
— Ingênuo! Quer então que eu arque com seis arrobas quando posso bem continuar com as quatro? Tenho cara de tolo?
O burro gemeu:
— Egoísta! Lembre-se que se eu morrer você terá que seguir com a carga das quatro arrobas mais a minha.
O cavalo pilheriou de novo e a coisa ficou por isso. Logo adiante, porém, o burro tropica, vem ao chão e rebenta.
Chegam os tropeiros, maldizem da sorte e sem demora arrumam as oito arrobas do burro sobre as quatro do cavalo egoísta. E como o cavalo refuga, dão-lhe de chicote em cima, sem dó nem piedade.
— Bem feito! — exclamou um papagaio. Quem o mandou ser mais burro que o pobre burro e não compreender que o verdadeiro egoísmo era aliviá-lo da carga em excesso? Tome! Gema dobrado agora…
LOBATO, Monteiro. Fábulas. São Paulo: Brasiliense, 1994.
O narrador-personagem é aquele que além de contar a trama também participa dela. Esse tipo de narrador pode ser protagonista, quando é o destaque da trama, ou pode ser a testemunha, ou seja, participa da história, mas não é a figura principal.
O narrador-personagem conta a história na primeira pessoa. O trecho do abaixo é um exemplo desse tipo de narrador.
A partida
Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor.
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras… Que me custava acordá-la, dizer-lhe adeus?
(LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003)
Já o narrador onisciente é aquele que entende minunciosamente o desenrolar da história. Ele conhece cada detalhe dos personagens sejam as emoções e os pensamentos. Esse narrador conta a trama na terceira Pessoa, porém também narra na primeira pessoa quando expõe, por exemplo, a fala do personagem. Essa ação é denominada de discurso indireto livre. O trecho abaixo é um exemplo:
“Mas já são muitas idéias, — são ideias demais; em todo caso são ideias de cachorro, poeira de ideias, — menos ainda que poeira, explicará o leitor. Mas a verdade é que este olho que se abre de quando em quando para fixar o espaço, tão expressivamente, parece traduzir alguma coisa, que brilha lá dentro, lá muito ao fundo de outra coisa que não sei como diga, para exprimir uma parte canina, que não é a cauda nem as orelhas. Pobre língua humana!
Afinal adormece. Então as imagens da vida brincam nele, em sonho, vagas, recentes, farrapo daqui remendo dali. Quando acorda, esqueceu o mal; tem em si uma expressão, que não digo seja melancolia, para não agravar o leitor. Diz-se de uma paisagem que é melancólica, mas não se diz igual coisa de um cão. A razão não pode ser outra senão que a melancolia da paisagem está em nós mesmos, enquanto que atribuí-la ao cão é deixá-la fora de nós. Seja o que for, é alguma coisa que não a alegria de há pouco; mas venha um assobio do cozinheiro, ou um gesto do senhor, e lá vai tudo embora, os olhos brilham, o prazer arregaça-lhe o focinho, e as pernas voam que parecem asas”.
(Quincas Borba, Machado de Assis)
Os personagens na narração podem ser:
O enredo consiste no desencadeamento da história. O enredo pode ser: linear, não linear, psicológico ou cronológico.
O tempo consiste na data ou momento em que ocorre a história. O tempo na narração é classificado em:
O espaço consiste no local em que a narrativa acontece. Ele é classificado como real ou psicológico. Este se refere às vivências ou pensamentos do personagem. Aquele, por sua vez, é o espaço físico.