Os brasileiros estão conseguindo aproveitar preços cada vez mais acessíveis da carne vermelha. De acordo com dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a carne bovina está mais barata no Brasil, para alívio da população.
Esse cenário é muito positivo para os consumidores do país, que passam a ter mais condições de adquirir a proteína. Aliás, a situação é bem diferente do observado nos dois últimos anos, quando os preços elevados da carne bovina, somados à inflação e aos juros elevados, fizeram o consumo da proteína despencar no país.
Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o consumo de carne bovina em 2022 foi o menor em 26 anos no Brasil. Vários fatores provocaram esse cenário, como a redução do gado para o abate, que elevou os preços da proteína no varejo brasileiro, além do desemprego, da inflação e dos juros elevados.
Em 2023, a situação é completamente diferente, e os preços da carne bovina estão caindo de maneira significativa no país. Não foi só a picanha que teve uma queda significativa em seu valor, mas o filé-mignon, considerado um corte ainda mais “nobre”, também ficou mais barato no Brasil.
Confira abaixo as quedas acumuladas nos preços da carne vermelha em 2023:
A saber, o filé-mignon foi o sexto item com a maior queda da cesta de alimentos pesquisada pelo IBGE, atrás apenas dos seguintes itens: cebola (-43,71%), laranja (-36,14%), óleo de soja (-28,86%), abacate (-25,79%) e batata inglesa (-19,33%), cujos preços caíram ainda mais que o filé-mignon.
Os preços mais baixos não se limitam à carne bovina. As pessoas que buscaram outras proteínas também estão conseguindo aproveitar valores mais acessíveis em 2023.
Em suma, o segmento de aves e ovos está 6,30% mais barato no acumulado deste ano. Esse resultado foi possível graças às quedas registradas nos preços do frango em pedaços (-11,69%) e do frango inteiro (-9,79%). Por outro lado, os ovos acumulam forte alta de 12,94% no ano.
Por sua vez, os pescados estão 3,12% mais caros em 2023. O maior aumento foi registrado pela tainha (11,68%), seguida por caranguejo (7,28%) e tilápia (6,99%). Em contrapartida, os valores do peroá e do serra caíram 14,58% e 6,43%, respectivamente.
Vale destacar que o grupo de alimentação e bebidas teve deflação pelo terceiro mês consecutivo. Em agosto, o recuo foi de 0,85%, e agora o grupo acumula uma redução média de 0,31% em 2023. O resultado é possível graças aos três subgrupos abaixo:
De acordo com analistas, existem diversos fatores que contribuíram para a redução dos preços de diversos cortes de carne vermelha neste ano. O primeiro deles se refere à safra de grãos do país, com a soja e o milho batendo recorde de colheita em 2023. Isso provocou a queda dos preços dos grãos no varejo interno.
Como estes grãos são usados na alimentação dos frangos e suínos, os custos dos produtores ficou menor, e muitos repassaram as reduções para o consumidor final.
Além disso, as chuvas regulares vêm favorecendo os pastos, que fazem parte da alimentação dos bovinos. Dessa forma, os produtores também reduzem a quantidade de ração utilizada na alimentação deste animais.
Ao falar especificamente do filé-mignon, a redução em seus preços vêm acontecendo, principalmente, porque a carne não é uma das preferidas no exterior. Por exemplo, os países da Ásia que importam carne brasileira preferem peças mais gordurosas, ou seja, a demanda mais fraca faz os preços do corte caírem.
Todos estes dados fazem parte do IPCA, que é a inflação oficial do Brasil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela pesquisa, o IPCA subiu 0,23% em agosto., acelerando em relação a julho, quando a taxa avançou 0,12%.
Apesar da aceleração, o resultado veio abaixo do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,28% em agosto. Isso aconteceu, principalmente, por causa dos preços da alimentação, com vários itens registrando queda em seus valores no mês passado, segurando o IPCA.
Com o acréscimo deste resultado, a variação acumulada pelo IPCA nos últimos 12 meses ganhou força, passando de 3,99% para 4,61%. Aliás, em agosto, o que impulsionou os preços foi o item energia elétrica residencial, que impactou o IPCA em 0,18 pontos percentuais.