A microbiologista Natalia Pasternak disse que não faz sentido abrir escolas no pior momento da pandemia de Covid-19, se elas ficaram fechadas quando o sistema de saúde não estava entrando em colapso como agora.
A fala foi feita no programa UOL Debate, que discutiu o atual cenário no Brasil e também contou com a participação dos infectologistas David Uip e Miguel Nicolelis.
“A gente manteve escolas fechadas enquanto todo o resto do comércio estava aberto, então enquanto a escola estava fechada tinha aberto restaurante, shopping, academia, igreja — e escolas fechadas e alunos penalizados. A gente resolve falar de abrir escolas no pior momento da pandemia, onde a gente precisa de um lockdown geral. Agora vocês falam de abrir escola?”, afirmou Natalia.
Fundadora do Instituto Questão de Ciência (IQC), Pasternak ressaltou que antes de abrir o comércio, o governo deve garantir a ventilação nas salas de aula, bem como fornecer máscaras de proteção de qualidade contra Covid-19 aos professores.
“Se você consegue manter essa taxa de transmissão comunitária controlada, fechando outros estabelecimentos, você pode e deve priorizar escolas, mas também priorizar dentro da capacidade de cada escola de funcionar com segurança. ‘Funcionar’ não é fazer teatro de higiene: ‘ah, tenho álcool em gel em toda sala’. Não. ‘Funcionar’ é ter ventilação adequada, espaços adequados, máscaras PFF2 para todos os professores, é ter estrutura daquela escola para funcionar”, disse a microbiologista.
Além de defender o fechamento das escolas no pior momento da pandemia de Covid-19 no Brasil, Natalia Pasternak considera que templos religiosos não deveriam abrir neste momento para evitar a aceleração da transmissão do novo coronavírus.
“Você não pode comparar a essencialidade de uma escola com a de templos religiosos, tenho certeza de que todos os sacerdotes de bom senso, de todas as religiões, podem orientar seus fiéis como ter uma atividade religiosa em casa ou por videoconferência, Mas não existe necessidade física de estar presente numa ambiente fechado, onde as pessoas se encontram para se aglomerar e as atividades que participam são de falar ou cantar”, afirmou Natalia.
No total, o Brasil registra 268.370 mortes por Covid-19 e 11.122.429 casos positivos, segundo dados da Universidade John Hopkins.