Uma consumidora do Planalto Norte que contraiu dívida e pagava de forma regular seis contratos de empréstimo pessoal, ao mesmo tempo, com juros anuais entre 132% e 837%, vai ter limitação dessas taxas e também será ressarcida pelos valores abusivos pagos anteriormente nessas transações financeiras.
A decisão é da juíza substituta Olívia Carolina Germano dos Santos, em cooperação na 1ª Vara Cível da comarca de Canoinhas.
Valores abusivos
Após solicitar ajuda profissional, a mulher verificou a existência de cláusulas abusivas.
Nos autos, ficou comprovado que as taxas de juros remuneratórios dos contratos firmados pela consumidora estão excessivamente acima da taxa média de mercado divulgada pelo Banco Central para operações na seara dos empréstimos pessoais.
Além disso, as financiadoras vão ter que devolver os valores pagos anteriormente pela mulher, corrigidos monetariamente pelo INPC/IBGE a partir de cada desembolso indevido, com juros de mora de 1% ao mês a contar da citação, o que poderá ser usado para saldar débitos.
Limitação do percentual de juros remuneratórios
Ao analisar o caso, a juíza determina a limitação do percentual de juros remuneratórios às taxas médias de mercado informadas pelo Bacen para operações de crédito, que não podem ultrapassar 132,08% ao ano.
De acordo com entendimento da magistrada, as financiadoras também não poderão inscrever o nome da mulher nos cadastros de inadimplentes em relação aos contratos.
Nos autos, a juíza menciona o artigo 6º, inciso V, do Código de Defesa do Consumidor, segundo o qual é possível a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas.
Por fim, ao concluir sua fundamentação, a juíza consignou que “a desproporcionalidade nas prestações pactuadas permite a intervenção do Poder Judiciário, mediante o uso do direito de ação pela parte prejudicada, a fim de se restaurar o equilíbrio contratual, analisando-se sempre cada caso concreto”.
Fonte: TJSC