O Programa Bolsa Família, um dos principais pilares da segurança social brasileira, enfrenta um desafio significativo: o uso indevido de seus recursos em apostas esportivas online, popularmente conhecidas como “bets”.
Dados alarmantes revelam que milhões de beneficiários estão direcionando parte do dinheiro destinado à subsistência familiar para essa atividade, gerando preocupações no governo federal.
Segundo estatísticas divulgadas pelo Banco Central, apenas no mês de agosto, beneficiários do Bolsa Família gastaram cerca de R$ 3 bilhões em transferências Pix para casas de apostas. Esse valor representa uma parcela substancial dos R$ 14,2 bilhões desembolsados pelo programa naquele mês, com um valor médio de R$ 681 por beneficiário.
O que mais chama a atenção é o fato de que, dos aproximadamente 20 milhões de beneficiários, 5 milhões (25%) realizaram apostas. Esse número expressivo suscita preocupações sobre o impacto desse comportamento na subsistência das famílias e no bem-estar dos beneficiários.
Diante dessa realidade, o governo Lula decidiu tomar medidas enérgicas para coibir o uso indevido dos recursos do Bolsa Família em apostas esportivas. Na noite de quinta-feira (26/9), o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, reuniu-se com representantes de outros ministérios para traçar uma proposta concreta.
O objetivo principal é impedir que os recursos do cartão do benefício sejam utilizados para jogos de apostas. Para alcançar esse objetivo, o governo convocou a Rede Federal de Fiscalização do Programa Bolsa Família (PBF), criada em 2023, para participar das discussões.
De acordo com fontes do Ministério do Desenvolvimento Social, o plano de ação deverá ser apresentado até a próxima quarta-feira (2/9). Além desse ministério, responsável pela distribuição do Bolsa Família, estão envolvidos nas discussões a Casa Civil, o Ministério da Fazenda e o Ministério da Saúde.
A proposta deverá ser implementada por meio de decreto ou portaria, no âmbito do Poder Executivo, e não por meio de um projeto de lei. Essa abordagem visa agilizar o processo e garantir a implementação imediata das medidas necessárias.
Além do impacto financeiro direto nas famílias beneficiárias, o governo Lula também demonstra preocupação com o crescimento do vício em jogos de azar, especialmente pelo possível impacto na saúde pública.
O Ministério da Saúde, envolvido nas discussões, busca avaliar os riscos potenciais e desenvolver estratégias para lidar com as consequências negativas desse comportamento compulsivo.
Paralelamente às medidas para proteger o Bolsa Família, o governo também está trabalhando para regularizar a atividade de apostas esportivas no Brasil. O Ministério da Fazenda estabeleceu o dia 1º de outubro como data limite para que pessoas jurídicas responsáveis por sites com extensão “bet.br” iniciem o processo de regularização.
Conforme as diretrizes estabelecidas, os operadores de apostas poderão realizar suas atividades “exclusivamente em domínios brasileiros com a extensão ‘bet.br'”. Já os apostadores terão até 10 de outubro de 2024 para resgatar seus depósitos nos sites das pessoas jurídicas onde foram feitos, sem prejuízo de seus direitos.
O governo Lula demonstra determinação em enfrentar o desafio do uso indevido dos recursos do Bolsa Família em apostas esportivas. As medidas propostas, que incluem restrições e a regularização do setor, visam proteger os beneficiários e promover um ambiente mais seguro e responsável para essa atividade.
À medida que os detalhes do plano de ação forem divulgados, será essencial acompanhar de perto sua implementação e avaliar seu impacto na vida das famílias beneficiárias e na sociedade como um todo. Essa iniciativa representa um passo importante na direção de garantir que os recursos destinados à segurança social sejam utilizados de forma adequada e responsável.