O novo Bolsa Família ainda não começou a fazer pagamentos, mas já tem gente prometendo que o programa vai ser um divisor de águas no Brasil. Em um discurso nesta semana, o Ministro da Cidadania, João Roma, disse que esse projeto vai transformar a vida das pessoas. Ele disse isso em um evento para comemorar os 1000 dias do Governo Bolsonaro.
De acordo com o Ministro o novo programa vai ter um foco maior na meritocracia. Ele disse ainda que o projeto vai permitir que as pessoas acabem se emancipando e encontrando novos caminhos para seguir. Ele não chegou a criticar o atual benefício, mas disse que a ideia é melhorar.
Na prática, o novo Bolsa Família vai ter um aumento nos valores médios de pagamentos. Mas isso só acontece se compararmos com a atual versão do programa. Quando se compara com o atual Auxílio Emergencial pouca coisa muda. Pelo menos é o que se sabe até aqui.
De acordo com o Ministério da Cidadania, o Auxílio Emergencial atual paga parcelas que variam entre R$ 150 e R$ 375. Segundo informações de bastidores, o novo Bolsa Família vai pagar uma média de R$ 300. Assim, dá para dizer que o patamar de pagamentos vai seguir basicamente o mesmo.
Quando se compara o novo Bolsa Família com o atual, nós podemos dizer que vai haver um aumento no número de beneficiários. Será uma elevação de 14 milhões para 17 milhões. No entanto, quando se compara com o Auxílio Emergencial, vai se perceber uma queda de 35 milhões para 17 milhões de pessoas atendidas.
Apesar de elogiar muito o novo Bolsa Família, o próprio Ministro da Cidadania reconhece que o projeto não vai conseguir atender todo mundo que realmente precisa. Pelas contas dele, 25 milhões de brasileiros que hoje recebem ajuda do Governo ficarão sem nada a partir de novembro.
E essa conta de João Roma não leva em consideração a massa de pessoas que não estão recebendo nem o Bolsa Família e nem o Auxílio Emergencial. Estima-se que milhões de indivíduos em situação de vulnerabilidade não estejam em nenhum programa social agora.
Então pela lógica, é de se entender que o número de total de pessoas que ficarão sem nenhum auxílio do Governo Federal a partir de novembro é muito maior do que essa marca de 25 milhões de brasileiros.
E vale lembrar também que o aumento do Bolsa Família ainda não está confirmado. Pelo menos de maneira concreta o que se sabe é que para este ano de 2021, a situação está controlada. Mas para 2022, o caminho ainda é longo.
De acordo com o Ministro da Economia, Paulo Guedes, para aumentar o Bolsa Família em 2022 vai ser preciso aprovar a PEC dos Precatórios, a Reforma do Imposto de Renda e a Medida Provisória (MP) do próprio programa.
Todos esses textos ainda estão em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. Alguns deles estão empacados há várias semanas. Neste exato momento, o aumento do Bolsa Família em 2022 ainda está longe de ser confirmado.