Neste domingo (27), o apresentador Fausto Silva conseguiu realizar o seu transplante de coração no hospital Albert Einstein, na cidade de São Paulo. A cirurgia em Faustão foi considerada um sucesso pelos médicos, mas o fato é que o procedimento acabou causando polêmica nas redes sociais.
O motivo: muita gente começou a questionar a velocidade com que Fausto Silva recebeu o novo coração. O apresentador entrou na fila de espera há pouco mais de sete dias, e a expectativa inicial dos médicos era de que ele pudesse realizar a cirurgia em até oito meses. A velocidade, portanto, causou um certo estranhamento.
Desde então, vários usuários começaram a fazer ilações sobre a possibilidade de Fausto Silva ter furado a fila de espera e ter tomado o coração de uma outra pessoa que estava aguardando o procedimento há mais tempo. Muitos usuários questionaram a lisura do Sistema Único de Saúde (SUS) neste sentido. Mas afinal, o que diz o governo sobre este procedimento?
Diante de toda a repercussão, o Ministério da Saúde não demorou muito tempo para explicar o que aconteceu. De antemão, a pasta garantiu que não houve nenhum tipo de irregularidade no procedimento, e Fausto Silva não tomou o coração de uma outra pessoa que estava no aguardo. Ele enfrentou, portanto, a fila normalmente.
Dados do Ministério da Saúde indicam que entrem os dias 19 e 26 de agosto, foram realizados 11 transplantes de coração no país, sem incluir a cirurgia realizada no apresentador Fausto Silva, no hospital Albert Einstein nesta semana.
No caso específico de Faustão, a rapidez no procedimento teria ocorrido porque o apresentador estava em uma situação mais grave do que a de boa parte das pessoas que também estavam na fila.
“A lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada. A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados”, disse o Ministério da Saúde.
“Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, segue a nota.
“O Ministério assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade. Os pacientes, por meio do SUS, recebem assistência integral, equânime, universal e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante”, completa.
Ainda neste domingo (28), uma segunda fonte oficial corroborou com o argumento do Ministério da Saúde. A secretaria de Saúde do estado de São Paulo explicou como funcionou o processo de espera para o recebimento de um coração novo pelo apresentador Fausto Silva.
Segundo a secretaria, a equipe médica do paciente que estava em primeiro lugar na lista de prioridade recusou o órgão. Assim, o direito de receber o coração passou para o apresentador, e a cirurgia foi imediatamente realizada.
Por que a equipe médica do primeiro paciente recusou o coração? Esta é uma pergunta ainda sem resposta. A secretaria de saúde do estado de São Paulo decidiu não divulgar o motivo que teria sido apresentado pelos médicos.
“Há critérios específicos de alocação de órgãos por gravidade”, disse o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgaos (ABTO), o nefrologista Gustavo Fernandes Ferreira em entrevista à CNN Brasil.
“Demonstra que o sistema brasileira funciona, quando uma pessoa que está efetivamente necessitando, no caso do coração, que tem critérios de priorização no transplante, tenha conseguido chegar a transplantar.”