Inicialmente rejeitada, a educação a distância se torna cada vez mais popular no Brasil, principalmente durante o período da pandemia do coronavírus. A modalidade que sofria com o afastamento dos estudantes, por ser uma novidade, hoje é um meio de viabilizar a educação superior para jovens e adultos interessados em fazer uma graduação, pós-graduação e cursos profissionalizantes.
As matrículas nos cursos EAD aumentaram no país e chegaram a ultrapassar a quantidade de matrículas nos cursos de graduação presenciais. Os benefícios são inúmeros e vão desde as mensalidades baixas, até a flexibilidade nos horários.
Segundo o Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020, as matrículas nessa modalidade cresceram 145% entre 2009 e 2018. A pesquisa, feita pelo Instituto Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo), também mostra que esse crescimento foi de aproximadamente 17% entre 2017 e 2018.
Um dos motivos para o crescimento dos cursos EaD é o fato das mensalidades serem mais acessíveis e o custo geral mais baixo, já que é feita uma economia nos gastos com transporte e alimentação. Dessa forma, pessoas com renda mais baixa encontram mais facilidade em ter acesso ao ensino superior através da educação a distância.
Outro fator importante é que a modalidade possibilita conciliar os estudos com outras atividades. Por isso, fica mais fácil trabalhar e estudar, por exemplo. *As informações são da Agência Educa Mais Brasil.
Segundo reportagem do jornal O Globo, antes mesmo da imposição das medidas de isolamento social para conter a pandemia de Covid-19, o ensino à distância (EAD) já era tendência no país. Segundo a 10ª edição do Mapa do Ensino Superior no Brasil 2020, divulgada nesta quinta-feira (21) pelo instituto do Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior de São Paulo (Semesp), as matrículas em EAD cresceram 16,9% entre 2017 e 2018, enquanto o ingresso em cursos presenciais diminuiu 2,1%.
Na comparação entre 2009 e 2018, o número de novos alunos à distância cresceu 145%. Nos cursos presenciais, 24,3%. Apesar da evolução da EAD, os alunos matriculados em cursos presenciais são maioria: 75,7% em 2018.
A maior parte dos universitários brasileiros – 75% – estuda em instituições privadas, que correspondem a 88% da rede do ensino superior no país. Para 2020, o Instituto Semesp prevê uma queda de 7,6% nas matrículas no Ensino Superior e de 13,9% no número de ingressantes.
A expansão do ensino à distância, porém, não resultou na melhora dos índices de acesso à educação superior, porque ocorreu em detrimento de cursos presenciais noturnos. A taxa de escolarização líquida do país, que está praticamente estagnada e, em 2018, era de 17,9%.
A taxa de escolarização líquida indica a proporção de alunos frequentando a etapa escolar adequada à sua idade em relação à totalidade da população da mesma faixa etária. Em 2018, apenas 17,9% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos estavam matriculados ou já tinham concluído o ensino superior. O Plano Nacional de Educação estabeleceu a meta de alcançar uma taxa líquida de escolarização de 33% até 2024.
A taxa de escolarização líquida também não melhorou porque a educação à distância atende, principalmente, adultos que não puderam ingressar em cursos universitários quando jovens. A idade média de quem ingressa em um curso presencial era de 25 anos em 2018; na educação à distância, de 30 anos.
Segundo Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, o aumento das matrículas EAD não indica uma real expansão do acesso ao ensino superior, mas uma migração de alunos de cursos presenciais, sobretudo noturnos, para a educação à distância, que é razoavelmente mais barata. Ele também ressalta que a taxa de escolarização líquida só não caiu porque a população de jovens no país tem diminuído.