O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse em entrevista na última quarta-feira (5), que a Petrobras vai discutir uma nova mudança na política de preços dos combustíveis no Brasil. De acordo com o chefe da pasta, as discussões em torno da mudança devem acontecer depois da escolha da nova diretoria mais vinculada ao governo Lula, no final de abril.
Hoje, a Petrobras utiliza o chamado Preço de Paridade Internacional (PPI), que leva em consideração uma série de ações externas, para definir qual será o preço do combustível aqui no Brasil. Críticos deste formato afirmam que o sistema acaba prejudicando os trabalhadores mais pobres, que acabam tendo que pagar valores mais caros.
“O conselho da Petrobras, isto é, os representantes da União, que é a controladora, será submetido a AGO (Assembleia Geral Ordinária) no final do mês e, a partir daí, o equilíbrio entre o conselho e a diretoria vai buscar visar a implementação dessa nova política de preço. Nós não podemos ficar suscetíveis, como ficamos nas últimas horas, ao cartel da Opep”, disse o Ministro.
Silveira está se referindo ao anúncio da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) feito no início desta semana. O grupo decidiu cortar drasticamente a produção de barris de petróleo por dia, o que deve encarecer o valor do produto, e ter consequências no valor do combustível também no Brasil.
“Simplesmente porque o preço do barril de petróleo baixou de US$ 70, ela (a Opep) disse que vai diminuir a sua produção em 10 milhões de barris exatamente para que o preço volte a ficar acima de US$ 80, criando assim uma expectativa de aumento do preço dos combustíveis”, afirmou Silveira.
Na avaliação do Ministro, caso o Brasil não seguisse o modelo de definição de preço internacional, os cidadãos brasileiros estariam pagando preços mais baratos para abastecer. Nas contas dele, o valor do óleo diesel, por exemplo, cairia de R$ 0,22 a R$ 0,25 na bomba.
“Nós temos cálculos no Ministério de Minas e Energia que se esse preços dos custos da Petrobras, daquilo que ela é autossuficiente, como no caso do diesel, mais a rentabilidade, nós teríamos de R$ 0,22 a R$ 0,25 de redução por litro de óleo diesel. Eu acho que rapidamente nós temos que fazer essa discussão”, disse ele.
O Ministro também disse que o formato do PPI teria contribuído para o aumento do preço do botijão de gás.
“Nós temos números de que nos últimos 4 anos, a Petrobras vendeu o gás de cozinha, que hoje é subsidiado com recursos da União, foi vendido, em média, 27% acima do preço referencial de importação. Deu prejuízo ao povo brasileiro de mais de R$ 7 bilhões.”
“No produto que a Petrobras nos últimos anos era competitiva no preço interno, que era o caso do refino, da gasolina e do diesel, ela vendia no preço de paridade de importação. No gás, que ela é monopolista, que nós dependemos totalmente dela, ela vendeu acima do preço de paridade de importação”, completou o Ministro na entrevista divulgada pela Globo News.