O Indicador da Serasa Experian de abril de 2021 mostrou que 56,4% das dívidas de consumidores inadimplentes no Brasil são pagas em até 60 dias. No segmento de Utilities, que abrange água e energia, são 67,4% das dívidas. Na sequência vêm os Bancos e Cartões, com 62,6% de dívidas quitadas no período.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, avalia o fato da diminuição do percentual de recuperação das dívidas nos últimos dois meses. Uma diminuição de mais de dois pontos percentuais, de março/21 (56%) e abril/21 (56,4%), em relação aos do início do ano (58,8% em janeiro e 59,3% em fevereiro).
Para o economista, a diminuição pode estar relacionada com a aceleração da inflação no período. Dessa maneira, a inflação acaba corroendo o poder de compra da população e dificultando a quitação das dívidas em atraso. Assim, Rabi sugere que os credores proporcionem descontos e facilidades de pagamentos aos seus clientes em débito, a fim de aumentar os percentuais de recuperação das dívidas.
Além disso, o indicador revelou um padrão: as dívidas mais recentes tendem a ser mais recuperadas, já as mais antigas têm um percentual de recuperação mais baixo. Para se ter uma ideia, considerando compromissos que estavam vencidos há 30 dias, 74,3% foram quitados, de 60 a 90 dias, 31%, entre 180 dias e o primeiro ano, 28,3%.
A Serasa Experian avalia que a pandemia de covid-19 e os desafios econômicos impostos no período impactaram na recuperação das dívidas. Nesse contexto, na média de 2020, 57,2% dos registros de negativação foram recuperados no horizonte de 60 dias após a comunicação do credor, porcentagem menor que 2019, quando o índice ficou em 59,2%.
Além disso, o indicador mostrou quais valores são quitados com mais facilidade. No ano de 2020, as dívidas que passavam de R$ 10 mil tiveram recuperação de 70,4%, enquanto no intervalo de R$ 1 mil a R$ 2 mil, teve retorno de 53,4% das contas. Portanto, foi mostrado que as dívidas com valores mais altos são mais priorizadas na recuperação.
“O aumento do desemprego e a redução da renda das pessoas fizeram com que muitos demorassem mais para pagar as contas atrasadas. Pelos dados, observamos que a maior parte priorizou o pagamento de dívidas mais caras, que costumam estar relacionadas a imóveis ou veículos. Elas geralmente têm o bem como garantia, ou seja, para não perder a aquisição os consumidores ficam inclinados a honrar o compromisso financeiro”, disse Luiz Rabi.
Nesta segunda-feira (20), uma pesquisa do Datafolha, divulgada pelo jornal “Folha de S.Paulo” mostrou que 45% dos brasileiros têm alguma dívida ou conta atrasada no momento. Dívidas atrasadas com cartão de crédito foram citadas por 25% dos entrevistados. Conta de luz em atraso, por 22%. E a conta de água, por 16%.
Ademais, o número de brasileiros com dívidas bateu um novo recorde em agosto. Os dados foram divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Dessa maneira, o levantamento mostrou que 72,9% das famílias possuem alguma dívida, contra 71,4% em julho, que era o recorde anterior.