Uma pesquisa com alunos de faculdades privadas durante a pandemia mostrou que 53% aponta queda na qualidade do ensino oferecido no período. As horas semanais dedicadas ao estudo caíram em média pela metade, mas a maioria pretende continuar os estudos (72,8%) e prefere que a retomada de aulas , quando possível, seja inteiramente presencial (72%).
A pesquisa da fintech de financiamento estudantil PraValer, uma das maiores gestoras de crédito estudantil do país, ouviu entre 9 a 16 de junho cerca de 955 universitários de instituições privadas em todas regiões do Brasil. Os respondentes tinham de 18 a 28 anos e eram maioria eram mulheres (55%), reflexo da maioria feminina no ensino superior brasileiro. Todos eram, antes da pandemia, alunos de cursos presenciais.
A maioria dedicou aos estudos durante a pandemia cerca de 2 a 8 horas semanais (42,9%). Cerca de 20% dedicaram de 9 a 17 horas e 18% menos de 2 horas por semana. Os cursos presenciais tem, em média, 20 horas semanais de aulas. Cerca de 11% e 6% afirmaram dedicar durante a pandemia de 18 a 26 horas semanais e mais de 26 horas, respectivamente.
Entre os entrevistados, 72,8% pretendem renovar a matrícula no próximo semestre, cerca de 20% ainda não sabem e 5,7% não pretendem.
“Mesmo diante das dificuldades impostas pela pandemia, os alunos estão otimistas para o futuro e querem continuar os estudos”, disse Rafael Baddini, diretor de estratégia de negócio da empresa.
Cerca de 75,8% tiveram a primeira experiência da vida com ensino remoto durante a pandemia. E a mudança abrupta para o modelo pode ter refletido na preferência maior pelo ensino totalmente presencial, como era antes: 72% preferem que as aulas, quando retornarem, sejam 100% presenciais, 22% no modelo híbrido (que mistura ensino presencial e remoto) e apenas 5% totalmente à distância.
Entre os pontos negativos do ensino remoto apontados foram ausência de contato com colegas e professores (42,8%), local adequado para estudar (32,9%), falta de disciplina (31,15%) e plataformas de estudo ruins (26,3%).
Para os pesquisadores, os números refletem uma desconfiança dos alunos com o ensino remoto, provocada pela mudança brusca para o modelo.
“O professor foi dormir como um profissional presencial e teve que acordar apto para o ensino online. Então as instituições tem que mudar paradigmas educacionais e considerar, por exemplo, ferramentas de aulas com interatividade e feedback imediato”, diz Baddini.
Os alunos apontaram também melhorias que gostariam de ver na modalidade de ensino, principalmente didáticas (28%), como aulas mais dinâmicas, e na infraestrutura (18%), como as plataformas remotas utilizadas. Um quarto deles apontou ainda desconto nas mensalidades como medida que as universidades devem se atentar para melhorar o ensino remoto.
O principal ponto positivo do ensino remoto para os ouvidos foi o maior tempo para a família (37%), a possibilidade de estudar em qualquer lugar (34%) e em horários flexíveis (30%), além de redução nos valores da mensalidade nas instituições que o adotaram (22%). Fonte: O Globo.