O aumento do valor do Auxílio Brasil do Governo Federal para a casa dos R$ 600, não parece ter ajudado o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste ano. Agora quem mostra este fenômeno não são mais as pesquisas, mas os dados oficiais da votação no primeiro turno. Lula se saiu melhor nas cidades em que há uma proporção maior de usuários do programa social.
Segundo os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando se considera apenas as cidades em que mais de 3/4 das famílias recebem o Auxílio Brasil, o presidente Jair Bolsonaro teve 24% das intenções de voto. Ao mesmo passo, o candidato do PT somou 71% nestas mesmas localidades, ainda conforme os números oficiais.
Em Pernambuco, 24% dos eleitores que moram em cidades mais atendidas votaram em Bolsonaro, ao mesmo passo em que 62% votaram em Lula. No estado, o petista também liderou nas cidades em que o Auxílio é pago para menos de 1/4 da população, mas em uma proporção menor: 52% a 41% dos votos.
Este fenômeno aconteceu não apenas na região Nordeste. Mesmo em redutos eleitorais de Bolsonaro, como a região sul, o atual presidente se saiu pior nas cidades em que o Auxílio Brasil é pago em uma proporção maior. No Rio Grande do Sul, por exemplo, Lula somou 62% nos municípios que recebem mais o dinheiro do programa social.
Contudo, é importante lembrar que não é possível cravar que o bom desempenho de Lula nas cidades que mais recebem o Auxílio Brasil, tenha de fato relação com o benefício. É preciso considerar, por exemplo, o índice de desenvolvimento humano, de desemprego e de pobreza nestas regiões também.
O Auxílio Brasil do Governo Federal é um programa social que oficialmente faz pagamentos mínimos de R$ 400 por família. Entretanto, depois da aprovação da chamada PEC dos Benefícios, o projeto passou a pagar um saldo de R$ 600 mínimos.
Além de aumentar o valor do benefício às vésperas das eleições deste ano, o Governo Federal também decidiu elevar o número de usuários do projeto. Hoje, dados do Ministério da Cidadania apontam que mais de 20,65 milhões de usuários recebem o dinheiro do programa social.
Membros do Governo Federal e da campanha do presidente Jair Bolsonaro negam que a elevação do Auxílio tenha qualquer tipo de intenção eleitoral. Contudo, nos bastidores aliados dizem que a ideia é de fato pagar o benefício para ajudar o presidente a melhorar a sua imagem entre os cidadãos mais pobres.
Para o ano de 2023, a situação do Auxílio Brasil ainda é de indefinição. Hoje, a indicação oficial é de que os pagamentos turbinados de R$ 600 do programa só estão garantidos até o final deste ano. A indicação está apontada na previsão orçamentária deste ano.
O documento foi enviado ao Congresso Nacional pelo Governo Federal ainda em agosto deste ano. Neste plano de orçamento, o poder executivo indica que os repasses do benefício poderão cair para R$ 405 já a partir de janeiro de 2023.
Contudo, é importante frisar que Bolsonaro vem prometendo manter o valor do programa em R$ 600 em 2023, mesmo que até aqui não exista nada oficial neste sentido. O ex-presidente Lula também vem prometendo manter este patamar.