O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em discurso nessa quarta-feira (14) que o país deve investir cada vez mais no aumento dos salários dos trabalhadores. Entre outros pontos, ele disse que essa medida pode ajudar as pessoas a comprarem mais carros.
O presidente deu essa declaração durante um evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília. Lula falou sobre o aumento do investimento da indústria automotiva do país, e afirmou que o Brasil vendeu mais do que o dobro de carros em 2010 do que em 2022.
“Quando eu deixei a presidência da República, em 2010, a gente vendia praticamente 3,8 milhões de carros por ano. Quando voltei, 15 anos depois, a gente estava vendendo 1,8 milhão. O que aconteceu no país? As pessoas perderam o gosto de comprar carro? As indústrias pararam de produzir? Não! O que faltou foi determinação e vontade política de fazer as coisas acontecerem”, disse o presidente.
“A única coisa que posso oferecer [aos empresários] é consumidor para carro de vocês. Se a gente melhorar as condições do povo pobre, de salário, condições de renda, você pode ficar certo de que o povo vira consumidor. As pessoas querem ter um carrinho”, disse o presidente da República.
“É preciso que a gente adeque o carro para as condições de pagamento das pessoas. O brasileiro não se importa [com prestações]. Mesmo se o juro for zero, se a pessoa não tiver dinheiro ela não vai consumir”, completou ele.
O fato é que um trabalhador que recebe apenas um salário mínimo por mês certamente vai ter muita dificuldade se quiser comprar um carro. Atualmente, o valor do piso nacional é de R$ 1.412.
De fato, esse valor já representa um aumento real em comparação com os R$ 1.320 registrados no ano passado. Mas não deixa de ser verdade que o valor ainda está muito abaixo, sobretudo se compararmos com os preços dos carros que são vendidos no Brasil.
Mas como se define o valor do salário mínimo? Ainda no ano passado, o Congresso Nacional aprovou o Plano Nacional de Valorização. Esse texto, aliás, também já foi sancionado pelo presidente Lula ainda no ano passado.
Esse documento estabelece que o governo federal deve levar em consideração duas frentes na hora de definir o valor do salário mínimo. São elas:
Antes da aprovação desse documento, o governo federal não era obrigado a conceder um aumento com base no PIB de dois anos antes. Por isso, ficava à cargo do presidente em vigência decidir se indicaria uma elevação real, ou não.
Durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, a opção foi por não conceder um aumento real, ou seja, o aumento acontecia apenas com base na inflação do ano anterior, assim como permitia a constituição.
O aumento real do salário mínimo é uma das grandes preocupações da equipe econômica do governo federal nesse momento. Há uma avaliação de que esse sistema pode pressionar as contas públicas, já que estamos falando de elevação acima do que estava sendo prevista em anos anteriores.
A preocupação não compreende necessariamente os valores pagos aos trabalhadores ativos, mas os aposentados, pensionistas e outros beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Como se sabe, o salário mínimo é indexado ao INSS.
Assim, sempre que o salário mínimo é elevado, aposentadorias, pensões e outros benefícios previdenciários precisam ser elevados em um mesmo patamar.
Nos últimos meses, a equipe econômica começou a discutir a possibilidade de desanexar salário mínimo e previdência. Este sistema, no entanto, não deve ser considerado pelo presidente Lula, que já disse entrevistas que não gosta da ideia de reduzir o tamanho do aumento de aposentados, pensionistas e outros beneficiários do INSS.