A (des)educação do negro. Publicado em 1933, o épico manual antirracista, do historiador negro Carter G. Woodson, que prepara o negro para cumprir sua pária social, segue relevante e atual.
Para que não seja esquecida, a Editora Edipro relança a obra icônica com prefácio assinado pelo rapper e escritor Emicida, que incorpora ao debate coletivo suas experiências pessoais.
Ele recorda de um episódio constrangedor vivido na escola. Cada aluno deveria trazer informações sobre a origem de sua família e Emicida ficou nervoso antes mesmo de chegar sua vez.
O rapper lembrou das duas avós com quem teve contato, uma negra retinta e outra que era, conforme ele mesmo descreve: “o que o país se referia [erroneamente] como uma mulata”.
“Eu as descrevi e, titubeante, disse que talvez minhas avós tivessem vindo da África. A professora me repreendeu e me perguntou quem era a pessoa branca da minha família”, recorda.
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Carter G. Woodson é considerado o pai da história negra americana. Filho de escravos, trabalhou em minas de carvão antes de se graduar na Universidade de Chicago.
O autor é o segundo negro dos EUA a obter um PhD pela Universidade de Harvard, na qual também lecionou. A obra de Carter demonstra que o sistema não prepara o estudante negro para o sucesso e o impede de ter uma identidade própria, doutrinando para que assuma uma posição de submissão social.
“Os ‘negros educados’ têm a atitude de desprezo em relação ao próprio povo porque em suas escolas, bem como nas escolas mistas, os Negros são ensinados a admirar os hebreus, os gregos, os latinos e os teutônicos e a desprezar os africanos” (A des)educação do Negro, p. 13)
Após 40 anos de reflexão para, então, publicar a obra, Carter condenou os padrões de ensino eurocentrados; modelos escolares que desprezam a história e cultura africana; a inferiorização dos saberes de outras culturas, sobretudo de matrizes africanas, e aponta soluções para os problemas raciais.
A principal mensagem do autor é mostrar que a educação formal das pessoas negras não é usada como instrumento de transformação.
Mesmo depois de oito décadas passadas essa constatação ainda está presente. E Emicida sintetiza o que deve ser feito na última frase de seu prefácio: “o que temos nesses escritos antigos é como uma bússola, que (…) ainda continua bastante atual e pode oferecer soluções valiosas para que o amanhã não seja só um ontem, com um novo nome.”
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Carter Godwin Woodson (1875-1950) foi um historiador, escritor e jornalista norte-americano. É considerado o pai da história negra americana, tendo iniciado a Semana da História Negra, que viria a se tornar o Mês da História Negra, realizado todos os anos em fevereiro, nos Estados Unidos.
Filho de escravos, trabalhou nas minas e carvão de West Virgínia antes de se graduar pela Universidade de Chicago. Em 1912, tornou-se o segundo negro dos Estados Unidos a obter um PhD pela Universidade de Harvard. Durante a maior parte de sua carreira, lecionou na Universidade Howard, historicamente dedicada à comunidade afro-americana de Washington, D.C.
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