Alguns episódios de foragidos que receberam o Auxílio Emergencial está chamando bastante a atenção. Para quem é da década de 90, irá se lembrar da história de Joel Theodoro Lopes, que aos seus 32 anos, assassinou a sua companheira Iolanda Melo, com um espeto de churrasco e ateou fogo no corpo, em um episódio que chocou o Brasil.
Quando ele começou a ser procurado pela Justiça, sumiu do mapa sem deixar rastros, sem adquirir bens e deixar informações pessoais. Porém, 27 anos depois, o assassino solicitou ao Governo Federal o Auxílio Emergencial, que foi criado para atender aos mais vulneráveis atingidos pela pandemia de Covid-19.
Lopes tinha recebido R$ 3,9 mil em um total de oito parcelas do Auxílio, cinco delas de R$ 600 e três parcelas de R$ 300 em 2020. O mesmo estava recebendo as parcelas de R$ 150 em 2021, sendo que a quinta parcela foi enviada para depósito dois dias antes de sua prisão.
O Auxílio Emergencial foi uma peça chave para que a família de Iolanda conseguisse encontrar Joel e o enviasse para a prisão. Lembrando que para receber o Auxílio Emergencial, é necessário vincular o número do telefone.
Este episódio fica longe de ser um caso isolado. De acordo com a Controladoria Geral da União, 25.891 pessoas que receberam o Auxílio em 2021 estão com algum tipo de mandato aberto ou estão sendo procurados pela Justiça. Os dados foram obtidos através de um cruzamento com o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões.
O Ministério da Cidadania afirma que todas as recomendações de órgãos de controle são analisadas, sendo que o GPU rastreou um número de foragidos ainda maior em 2020, que passava de 27 mil. Os números mostram que pouca coisa foi feita de la para cá.
Mesmo que o Auxílio tenha sido um critério para encontrar o paradeiro do criminoso, para a jornalista Talita Meto de Carvalho, que é neta de Iolanda, os critérios de concessão são bastante questionáveis. Para a mesma, é difícil entender como um foragido não foi para os critérios de avaliação da Dataprev.
A prisão de Lopes é o desfecho de uma investigação que começou pela tia-avó de Talita nos anos 90, porém segundo o que a jornalista relatou, não contou com um grande empenho da polícia.
Nos anos 90, Lopes havia convencido Iolanda a sair de Brasília, onde ela morava com a família e os dois se mudaram para Goiânia. Iolanda foi assassinada por Lopes e ele levou consigo joias que a companheira comercializava e também falsificou a assinatura do carro.
Talita tinha um pouco mais de um ano quando a sua avó foi assassinada. Até o presente momento, o Governo Federal já recuperou R$ 5,1 bilhões em pagamentos indevidos do Auxílio Emergencial. Segundo a Pesquisa, mais de 15 bancos de dados são analisados para rever os pagamentos, com o intuito de reparar possíveis fraudes.