O Governo Federal vem adotando nos últimos dias o discurso de que o Auxílio Brasil é um programa maior do que o Bolsa Família. A ideia do substituto é fazer com que os pagamentos fiquem maiores e o número de famílias atendidas cresça. Mas há, no entanto, uma outra maneira de ver esses números.
É que, pelas contas do Palácio do Planalto, o número de usuários vai aumentar quando se compara apenas com os 14,6 milhões de brasileiros que estavam no Bolsa Família. Acontece que além dessas pessoas, outros 20 milhões estavam no Auxílio Emergencial, programa que também chegou ao fim em outubro.
Em entrevista para a emissora Globo News nesta quinta-feira (11), o líder do Governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) confirmou essa informação. De acordo com ele, milhões de pessoas que estavam recebendo o Auxílio Emergencial passarão a ficar sem nada a partir deste mês de novembro.
“Para manter o auxílio emergencial em 2022, o governo gastaria R$ 140 bilhões. Se este governo pensasse na eleição, não tiraria 20 milhões de pessoas do auxílio. Mas o governo busca atender de fato os que estão passando fome, com cautela e prudência. Enfrentamos uma crise alimentar inédita no País, e é preciso focar nesses indivíduos, temos que ter prioridades”, disse ele na entrevista.
Essa queda no número de atendidos por programas sociais vai acontecer por um motivo básico: não tem vaga para todo mundo no Auxílio Brasil. De acordo com informações do próprio Governo Federal, o novo projeto que entra em cena em novembro deve atender no máximo 17 milhões de pessoas.
E vale lembrar que o programa vai começar com um tamanho menor do que o Governo vinha prometendo nos últimos meses. O primeiro pagamento vai ter um aumento de 17,8% em relação ao que se via anteriormente.
Até outubro, o Bolsa Família pagava uma média de R$ 198 mensais. Em novembro, já como o Auxílio Brasil, essa média deve subir para a casa dos R$ 217. E em dezembro, caso a aprovação da PEC dos Precatórios aconteça, isso poderia subir para a casa dos R$ 400.
Admitir que cerca de 20 milhões de pessoas perderão os seus auxílios não é bem uma novidade no Governo. Há pouco mais de um mês, o próprio Ministro da Cidadania, João Roma, disse que isso aconteceria mesmo.
Na ocasião, ele chegou a dizer que o Governo Federal estaria trabalhando para encontrar uma solução para essas pessoas. Mas o fato é que pelo menos até este momento ainda nenhuma ideia foi apresentada
Nas redes sociais, muita gente ainda está tentando fazer pressão para que o Governo prorrogue o Auxílio Emergencial por mais alguns meses. São brasileiros que alegam que a situação não está fácil neste momento.
Não se sabe, no entanto, se o Palácio do Planalto vai atender a essas solicitações. É que, de acordo com informações de bastidores, o foco total do Governo agora está na aprovação do Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa Família.