Na semana passada, a tão discutida recuperação judicial da 123Milhas foi finalmente aceita. Essa decisão, tomada pela juíza responsável Claudia Helena Batista, envolve não apenas a empresa central, mas também as empresas Art Viagens e Turismo LTDA e Novum Investimentos Participações SA, que controla a 123Milhas.
Na terça-feira anterior (29), a empresa entrou com o pedido de recuperação devido a uma dívida acumulada de mais de R$2,3 bilhões. De acordo com análises iniciais, cerca de 700 mil credores (pessoas físicas) estão envolvidos. Este artigo visa esclarecer os detalhes do caso e o impacto desta decisão.
A crise da 123Milhas começou na sexta-feira (18), quando a agência de viagens cancelou vários pacotes promocionais contratados para o período de setembro a dezembro deste ano. Como compensação, a 123Milhas ofereceu vouchers aos consumidores, que no entanto, não correspondiam ao valor pago pelo pacote.
Na sequência, durante a semana, muitas pessoas foram em busca de atendimento presencial na sede da empresa, em Belo Horizonte, para renegociar o cancelamento dos pacotes. Entretanto, depois de dois dias, a empresa encerrou esse tipo de atendimento. E para complicar ainda mais a situação, a 123Milhas acabou demitindo em massa seus funcionários, em todas as áreas.
Nesta semana, a empresa solicitou à 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte o pedido de recuperação judicial. Com a aprovação da magistrada, o caso agora terá 2 administradores judiciais, que deverão elaborar um relatório das atividades das empresas.
Segundo a juíza, “a recuperação judicial destina-se a viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores“. E que, além disso, a 123Milhas comprovou, em primeiro momento, esse status de crise.
Por fim, a juíza deixou claro que a relação de credores já ultrapassa as 8 mil páginas e 34 listas. Ademais, a empresa ainda precisará enviar toda a documentação que falta para iniciar o processo.
A história da 123Milhas ainda está em desenvolvimento e é crucial manter-se atualizado com as últimas notícias. A recuperação judicial é um processo complexo, mas é uma oportunidade para a empresa se reestruturar e pagar suas dívidas, enquanto continua a operar.
O Banco do Brasil é o maior credor financeiro da 123Milhas, com R$ 74,5 milhões a receber. Outras instituições financeiras, como o banco digital BMP e o banco Santander de Luxemburgo, também têm valores consideráveis a receber.
O Google ocupa o segundo lugar na lista de credores, com R$ 50,5 milhões a receber. A 123Milhas também tem uma dívida de R$ 5,5 milhões com o Facebook.
A 123Milhas também deve a empresas de mídia como a JCDecaux, responsável por anúncios em mobiliário urbano, e a Eletromidia, especializada em propaganda em elevadores.
A Iterpec, prestadora de serviços na área de turismo, tem R$ 25,8 milhões a receber. Operadoras de turismo regionais como a paranaense Ezlink e a Diversa Turismo também têm valores significativos a receber.
A corretora de seguros digital Hero tem R$ 8,4 milhões a receber.
Diversos hotéis, de diferentes portes, também estão na lista de credores. A maior dívida é com a rede espanhola Restels, a quem a 123milhas deve R$ 12,5 milhões.
Várias pousadas em todo o Brasil também fazem parte da lista de credores da 123Milhas.