Em coletiva de imprensa nesta quarta (27), o governo do estado do Amazonas e o Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde) alertaram que a crise no sistema de saúde gerada pela alta de casos de Covid-19 combinada com a falta de oxigênio, insumo essencial para tratar quadros graves da doença, pode se espalhar pelo Brasil. A informação foi dada pelo governador Wilson Lima (PSC) e pelo Secretário de Saúde do Estado, Marcellus Câmpelo.
Tanto o secretário de saúde quanto o governador frisaram que a crise atual deve ser encarada no âmbito nacional, afirmando que o Amazonas precisa de apoio do governo federal para o abastecimento de oxigênio no estado.
“Vai ter que ter uma força nacional, uma estratégia nacional, porque eu alerto, e alertei hoje na reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conas: aqui é só o começo. Isso vai se alastrar para o Brasil, e a crise de oxigênio tem que ser uma estratégia nacional.”, disse Marcelo Câmpelo.
Segundo o secretário de saúde, a crise de desabastecimento do insumo agora mudou de região e afeta mais as cidades do interior do estado do que a capital Manaus. O Amazonas chegou no 13° dia de crise por falta de oxigênio, com profissionais de saúde e familiares de pacientes relatando à falta do insumo nas unidades de saúde do estado.
O governador Wilson Lima acredita que a alta de casos de Covid-19 que levou à crise de desabastecimento de oxigênio no Amazonas pode ter sido causada pela nova variante do coronavírus encontrada na região.
Com a alta no número de internações, a demanda por oxigênio no estado hoje é de cerca de 80 mil metros cúbicos, enquanto a capacidade de produção das empresas White Martins, Carbox e Nitron, que fornecem o insumo para o estado, de 33 mil metros cúbicos.
“Há um crescimento de oxigênio variável, de 2% ao dia. Portanto, precisamos do apoio do Governo Federal e continuar com estratégias de manter o que está tendo e buscar todas as formas alternativas”, apontou Marcelo Câmpelo.
A alta de casos de Covid-19 no interior do estado preocupa as autoridades, principalmente por causa das dificuldades logísticas no abastecimento da região. Hoje, segundo Câmpelo, o interior demanda cerca de 1.200 cilindros de oxigênio de 10 mil metros cúbicos por dia e a tendência é esse número dobrar.
“Há aumento de casos em várias macrorregiões. O pico está vertical. [Levar os cilindros para o interior] é uma logística quase insana. Levamos de madrugada, de noite, de voo, de lancha”, disse.
Para suprir a crescente demanda, o Amazonas conta hoje com apoio do governo federal, de outros estados do Brasil e da Venezuela.
“Manaus ainda não tem condições de produzir oxigênio na quantidade que precisamos. A principal empresa ainda não tem condições de nos fazer este abastecimento. Por isso, continuamos dependendo de cargas extras que estão vindo da Venezuela, do Nordeste, de empresas que fizeram doações, de compras que foram feitas pelo Governo Federal, de carretas que inclusive vieram pela BR-319”, disse o governador Wilson Lima.