O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), considerado a prévia da inflação oficial do Brasil, subiu 0,28% em agosto. O resultado sucedeu a leve queda registrada em julho (-0,07%) única taxa negativa observada em 2023.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo levantamento, os consumidores tiveram que gastar um pouco mais em agosto para continuar com os mesmos hábitos de consumo, mas a diferença foi relativamente pequena em relação ao mês anterior.
Ainda assim, vale destacar que o IPCA-15 veio acima do esperado. Em resumo, a mediana das projeções dos analistas indicava uma variação de 0,17%, mas a prévia da inflação acabou superando essa taxa.
Embora o resultado não tenha sido positivo, ele não deverá afetar o corte de juros no Brasil. A saber, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), a taxa de juros deve ser reduzida em 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões do Copom, e a prévia da inflação acima do esperado não deverá mudar isso.
A propósito, o principal objetivo do IPCA-15 é “medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre 1 e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos“, segundo o IBGE.
Com isso, o IPCA-15 passou a acumular uma alta de 3,38% em 2023. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a inflação no Brasil acelerou de 3,19%, em julho, para 4,24%. A propósito, inflação se refere ao aumento dos preços de produtos e serviços.
Com a aceleração registrada no acumulado anual, o IPCA-15 voltou a ficar acima da meta central definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para a inflação do Brasil em 2023, de 3,25%. Entretanto, a taxa segue dentro do limite de 1,5 ponto percentual definido pelo CMN.
A saber, a inflação pode variar 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, que ainda assim vai cumprir a meta estabelecida. Portanto, a taxa inflacionária poderá chegar até 4,75% neste ano que não irá estourar a meta definida pelo CMN. Valores acima dessa marca representam estouro da inflação.
O IBGE revelou que sete dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados registraram aumento dos seus preços em agosto, puxando a inflação do Brasil para cima.
Confira abaixo quais foram os grupos pesquisados pelo IBGE cujos preços subiram:
De acordo com o IBGE, o grupo habitação exerceu o maior impacto no IPCA-15, de 0,16 ponto percentual (p.p.). Em suma, o principal item que impulsionou a inflação do grupo no mês foi energia elétrica residencial, cujos preços subiram 4,59%, impactando a inflação também em 0,18 p.p.
Neste mês, os preços de apenas dois grupos caíram, aliviando um pouco o bolso dos brasileiros. Veja quais foram:
Em síntese, o grupo alimentação e bebidas impactou a prévia da inflação em -0,14 p.p., limitando o avanço do IPCA-15 no mês. O recuo foi influenciado pela alimentação no domicílio, cujos preços caíram 0,99%. Os destaques foram batata-inglesa (-12,68%), tomate (-5,60%), frango em pedaços (-3,66%), leite longa vida (-2,40%) e carnes (-1,44%).
Já a alimentação fora do domicílio desacelerou em relação a julho, caindo de 0,46% para 0,22%. O preço do lanche caiu de 1,02% para 0,14% e puxou o resultado para baixo.
Inflação sobe em dez dos 11 locais pesquisados
Neste mês, o IPCA-15 subiu devido ao aumento dos preços na maioria dos locais pesquisados pelo IBGE. De acordo com o instituto, os consumidores de dez dos 11 locais pesquisados sofreram com preços mais altos de produtos e serviços.
Em resumo, o IPCA-15 analisa a variação dos preços em nove regiões metropolitanas do país: Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Além destas, a coleta de dados também acontece em Brasília e no município de Goiânia.
Veja as taxas de agosto nos locais pesquisados pelo IBGE:
“A menor variação ocorreu em Belo Horizonte (-0,18%), cujo resultado foi influenciado pela queda de ônibus urbano (-20,91%). Já a maior variação em Fortaleza (0,73%), por conta da alta da gasolina (5,92%) e da energia elétrica residencial (3,23%)“, explicou o IBGE.