Uma recente investigação da Polícia Federal impediu uma fraude de R$ 486 milhões contra benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com a PF, os criminosos conseguiram acesso a senhas de 29 servidores do instituto e tinham como objetivo reativar benefícios para desviar recursos públicos. Alguns dos benefícios utilizados nas fraudes foram o Auxílio Reclusão e o LOAS idoso.
Até o momento, a apuração do caso acredita que as contas dos servidores do INSS tenham sido invadidas sem o conhecimento dos titulares. Desta forma, os fraudadores conseguiram reativar benefícios com valores retroativos a cinco anos. A Polícia Federal ainda informou que as investigações foram realizadas com ferramentas próprias.
“A Polícia Federal detectou, por meio do uso de ferramentas de análise massiva de dados, a existência de milhares de reativações de benefícios sociais de forma fraudulenta. Dessa forma, a medida mais urgente para evitar a evasão de dinheiro público foi o acionamento das instituições financeiras, possibilitando o bloqueio do pagamento de milhões de reais em benefícios fraudulentos”, informou Cléo Mazzotti, coordenador-geral de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal.
Após as investigações, a Polícia Federal informou que os benefícios reativados pelos criminosos foram concedidos de maneira regular em períodos retroativos e haviam sido desativados corretamente após o prazo legal. A PF disse em nota que os fraudadores “lograram êxito em reativar os pagamentos de forma irregular”.
A tática utilizada pelos criminosos para evitar suspeitas foi de não movimentar valores superiores a R$ 100 de cada conta, com o intuito de evitar suspeitas. Além disso, as contas de destino eram diferentes das cadastradas originalmente para o pagamento dos benefícios. Nessa perspectiva, a PF acredita que foram utilizadas “contas laranjas” para esses fins.
Para evitar os prejuízos a Polícia Federal pontuou que foi necessário acionar a Federação Brasileira de Bancos (Febranban) e instituições financeiras para “bloquear e impedir que os valores fossem sacados”. Desta forma, a Polícia Federal informou que “Esse processo teve êxito e impediu que R$ 486 milhões fossem ilegalmente destinados a criminosos”.
A Polícia Federal também disse em nota que vem trabalhando para identificar os responsáveis pelo esquema criminoso. Além disso, o INSS informou em nota que também está participando do processo e deve adotar medidas para evitar novas fraudes.
Em setembro de 2022 o INSS concluiu a distribuição de tokens que devem melhorar a segurança de acesso dos servidores do instituto. Desse modo, o acesso a essas contas agora é protegido por três mecanismos, sendo eles: senha pessoal do servidor, verificação em duas etapas e o token. A implementação da última tecnologia custou R$ 1,34 milhão e deve ser renovada a cada três anos.
“Historicamente, o INSS é alvo de fraude, é alvo de todo tipo de problema. Nós começamos nos últimos anos a intensificar as parcerias com outros órgãos. As fraudes estavam cada vez mais sofisticadas, e o mundo está investindo em segurança cada vez mais. Então o setor público não pode ficar à margem disso”, disse João Rodrigues da Silva Filho, diretor de tecnologia da informação do INSS.