Um comunicado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) acabou surpreendendo muitos brasileiros nesta semana. A autarquia reconheceu pela primeira vez que não está conseguindo reduzir com força o tamanho da fila de espera, ou seja, a lista de pessoas que aguardam por uma resposta da autarquia para entrada em benefícios previdenciários.
Há 40 dias, o INSS lançou o Programa de Enfrentamento à Fila da Previdência Social. De lá até aqui, a fila de espera chegou a ser reduzida, mas em apenas 5,7%. A porcentagem é considerada muito baixa pelo Ministério da Previdência, que planeja zerar a lista de espera para pedidos que estão aguardando por análise há mais de 45 dias, até o final deste ano.
Dados do Portal da Transparência Previdenciária, sistema criado pelo próprio Ministério da Previdência, indicam que o estoque de solicitações pendentes passou de 1,79 milhão, em junho, para 1,69 milhão em agosto, considerando os números computado até o último dia 28.
Quando se considera apenas os dados do tamanho da fila das pessoas que estão aguardando por uma resposta há mais de 45 dias, a redução também foi pequena, embora tenha sido um pouco maior, 7,95%.
Em entrevista a jornalistas do jornal O Estado de São Paulo, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto reconheceu que a queda no tamanho da fila de espera foi menor do que o esperado pelo governo federal. De todo modo, ele indica que a expectativa é de que números melhores sejam identificados nos próximos meses.
“A partir do segundo mês, nós teremos toda essa massa (iniciada em agosto) sendo processada, então devemos ter um número maior. A gente continua convencido de que será possível (zerar a fila até o final deste ano). Está mantida a nossa previsão até 31 de dezembro. Se, no meio do caminho, continuar havendo recordes de solicitação, aí a gente revisa”, reconheceu Stefanutto.
Os números tímidos, por outro lado, podem ser positivos para uma determinada parcela da população. Estamos falando das pessoas que foram aprovadas no concurso do INSS, mas que ainda não foram selecionadas. A baixa redução da fila pode ser mais um argumento para pressionar o governo para admitir mais pessoas.
Atualmente, o INSS está negociando com o Ministério da Gestão, a contratação de pouco mais de mil novos servidores públicos, que já foram aprovados no concurso do ano passado. São cidadãos que aguardam no cadastro de reserva, e que poderiam ajudar a analisar os dados das pessoas que estão na fila de espera.
De acordo com Stefanutto, ao menos 250 deles já estariam com a nomeação praticamente aprovada, e devem ser admitidos oficialmente em breve.
A redução da fila de espera do INSS foi uma das principais promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado. O petista, no entanto, não vem conseguindo cumprir a promessa. A pouco mais de quatro meses do final do ano, os números de redução da fila estão decepcionando o governo.
Recentemente, o descontentamento de Lula ficou claro publicamente. Em um discurso, ele disse que é preciso trabalhar mais para reduzir a fila de espera do INSS. O petista também indicou que pode demitir as pessoas que não estão conseguindo dar conta do trabalho de reduzir a lista.
“Não há nenhuma explicação (para a não redução da fila) a não ser ‘eu não posso aposentar, porque eu não tenho dinheiro para pagar’. Se for isso, a gente tem que ser muito verdadeiro com o povo e dizer por que que tem essa fila”, disse o petista.
“Se é falta de funcionário, a gente tem que contratar funcionário. Se é falta de competência, a gente tem que trocar quem não tem competência”, disse Lula.