A inflação oficial do Brasil ficou dentro da meta em 2023, após dois anos de estouro. A saber, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulou uma variação de 4,62% no ano passado, dentro do limite definido para a taxa inflacionária no período, que era de 4,75%.
Todos os anos, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para inflação do país. E cabe ao Banco Central (BC) agir para cumprir essa meta, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios. Aliás, veja abaixo alguns deles:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação brasileira. Além disso, a entidade também determina um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária. Assim, valores dentro desse intervalo indicariam que a inflação teria sido formalmente cumprida, mas não foi isso o que aconteceu.
No ano passado, a taxa inflacionária no Brasil poderia variar entre 1,75% e 4,75% que, ainda assim, seria cumprida. Após dois anos de estouro, o valor inflacionário ficou dentro desse intervalo, algo muito positivo para a população do país.
Além disso, também vale destacar a desaceleração da inflação no país nos últimos anos. A título de comparação, a inflação chegou a 10,06% em 2021, variação quase duas vezes superior à registrada em 2022 (5,79%). Agora, em 2023, a variação caiu novamente, para 4,62%, refletindo um aumento menos intenso dos preços no Brasil.
Em primeiro lugar, vale explicar o que é inflação. Em síntese, o termo se refere ao aumento contínuo e generalizado nos preços de produtos e serviços. A propósito, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga mensalmente a variação do IPCA, que é considerado a inflação oficial do país.
Diariamente, pesquisadores do IBGE vão a estabelecimentos comerciais para colher informações sobre os preços de diversos itens. Nove grupos de produtos e serviços pesquisados compõem o IPCA, mas cada um deles exerce um impacto específico no indicador.
Em 2023, todos os nove grupos pesquisados tiveram taxas positivas, resultado mais disseminado que em 2022, quando os preços subiram em sete grupos. Entretanto, a inflação nacional desacelerou neste ano, porque as variações nos preços dos grupos pesquisados foram mais leves.
Veja abaixo a alta acumulada por cada um dos grupos em 2023:
Em resumo, o grupo educação teve a maior variação anual, ou seja, os seus preços foram os que mais subiram em 2023. No entanto, o impacto exercido pelo grupo no IPCA foi de apenas 0,46 ponto percentual (p.p.), bem menor que a influência do grupo transportes (1,46 p.p.), que exerceu o maior impacto nacional.
Outros três grupos influenciaram a inflação no Brasil de maneira mais intensa que o grupo educação em 2023: saúde e cuidados pessoais (0,86 p.p.), habitação (0,77 p.p.) e despesas pessoas (0,55 p.p.). Na outra ponta da tabela, exercendo o menor impacto no IPCA, ficou o grupo artigos de residência (0,01 p.p.).
O IBGE também revelou que a inflação subiu 0,56% em dezembro, na comparação com o mês anterior (0,28%). Aliás, mesmo que a inflação tenha ficado dentro da meta em 2023, o resultado de dezembro preocupou o mercado e acendeu o alerta para 2024.
Em suma, a taxa registrada em dezembro veio acima do esperado pelos analistas do mercado financeiro, cuja média das projeções apontava para uma alta de 0,48% em dezembro. Esse resultado, caso se mantenha no país, pode desacelerar as reduções nos juros promovidas pelo Banco Central (BC).
Em dezembro, todos os grupos registraram aumento dos preços, na comparação com novembro. O maior avanço foi observado no grupo alimentação e bebidas (1,11%), que impactou a inflação em 0,23 p.p. no último mês de 2023.
“O aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas“, explicou o gerente do IPCA, André Almeida.
A segunda maior influência em dezembro veio do grupo transportes (0,10 p.p.), pressionado pelo item passagens aéreas, cujos preços subiram 8,87%, quarto avanço consecutivo.
Por outro lado, todos os combustíveis pesquisados (-0,50%) tiveram queda nos preços em dezembro: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%), gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).
“Pelo fato de a gasolina ser o subitem de maior peso entre os 377 pesquisados pelo IPCA, com essa queda, ela segurou o resultado no índice do mês”, explicou André Almeida.