A inflação no Brasil e o Produto Interno Bruto (PIB) do país deverão subir menos que o esperado em 2023. Pelo menos é isso o que aponta a nova atualização do relatório Focus, que traz estimativas de analistas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do país.
De acordo com a publicação, a inflação no Brasil deverá encerrar este ano em 5,95%, taxa levemente inferior à projetada na semana passada (5,96%). Aliás, inflação se refere ao aumento contínuo e generalizado dos preços de bens e serviços.
Em resumo, essa é a primeira vez em 2023 que os analistas reduziram as projeções para a inflação. Em todas as demais semanas, a taxa cresceu ou se manteve estável. Isso indica que o aumento dos preços pode não ser tão expressivo no país quanto o esperado.
A propósito, o Banco Central (BC), responsável pelo levantamento, divulgou as novas estimativas dos analistas nesta segunda-feira (20).
Apesar da queda, as novas projeções para a inflação continuam muito distantes da meta para este ano. Esse dado não é positivo para o Brasil, que busca uma taxa abaixo da meta definida para 2023.
Já para 2024, a taxa subiu de 4,02% para 4,11%, após três semanas de estabilidade, que sucederam cinco avanços consecutivos.
Para quem não sabe, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, uma vez que a inflação controlada traz diversos benefícios para o Brasil, como:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Portanto, caso a inflação de 2023 tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo superando a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas não acreditam que o Brasil cumprirá a meta. Caso isso realmente aconteça, a inflação irá estourar a meta pelo terceiro ano consecutivo, ou seja, os preços de produtos e serviços vão subir mais que o esperado mais uma vez.
Em 2023, os brasileiros deverão voltar a enfrentar uma inflação mais elevada. Na verdade, a taxa já está mais alta que o esperado, e isso pode ficar ainda mais intenso com a volta da arrecadação de impostos sobre combustíveis.
Em síntese, uma inflação elevada corrói a renda da população, aumentando os custos de vida. Nos últimos anos, esse cenário se intensificou em 2020, com a pandemia da covid-19, que impactou as cadeias globais de suprimentos, afetando toda a logística mundial.
Como consequência desse cenário, houve uma redução da oferta em 2021, mas a demanda, muito afetada no ano anterior, começou a se recuperar. Como a procura estava maior que a oferta, o mundo passou a enfrentar um aumento expressivo nos preços de bens e serviços.
Em 2022, as cadeias globais de suprimentos começaram a se estabilizar, mas a guerra entre Rússia e Ucrânia, fez os preços de diversos itens dispararem, principalmente o das commodities.
Para segurar a inflação, os Bancos Centrais passaram a elevar os juros com mais intensidade em 2022. No Brasil, o BC elevou 12 vezes consecutivas o juro da economia entre março de 2021 e agosto de 2022. Com isso, a taxa Selic chegou a 13,75% ao ano, maior patamar desde 2016.
Inclusive, a alta dos juros ajudou a segurar a inflação no país em 2022. No entanto, os impactos de uma Selic mais elevada costumam ser vistos com maior nitidez apenas um ou dois anos após os aumentos.
Por isso, a inflação do Brasil, que já perdeu força no ano passado, deverá cair ainda mais neste ano e em 2024, mas não tanto quanto o esperado, principalmente por causa do retorno dos impostos sobre os combustíveis. Enquanto isso, os juros deverão se manter em patamar elevado por mais algum tempo.
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado financeiro reduziu levemente as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 0,89% para 0,88%.
A saber, esse é o primeiro recuo após quatro semanas de alta, período que indicou maior otimismo dos analistas em relação à atividade econômica do país em 2023, ainda que a expectativa ainda seja de leve alta. Aliás, o crescimento do PIB brasileiro deverá ser bem menor que o registrado em 2022.
Já para 2024, as projeções recuaram de 1,50% para 1,47%, após 11 semanas de estabilidade. Isso quer dizer que o PIB brasileiro deverá crescer mais expressivamente no ano que vem, do que em 2023, uma vez que os impactos da inflação deverão estar bem mais brandos no país.
Por fim, os analistas estimaram pela quinta semana consecutiva que a taxa Selic ficará em 12,75% ao ano em 2023. Esse indicador se refere à taxa básica de juro da economia brasileira. Já para o ano que vem, a taxa Selic deverá ficar em 10,00%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros.