Os analistas do mercado financeiro elevaram pela nona semana consecutiva as projeções para a inflação no Brasil em 2024 na semana passada. O resultado indica que os economistas estão mais pessimistas com o desempenho do indicador neste ano.
De acordo com o boletim Focus, divulgado na segunda-feira (8) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 4,02% neste ano, levemente acima da projeção anterior (4,00%). Há quatro semanas, a taxa estava em 3,90%, e as previsões seguem em alta desde o início de maio.
Embora os analistas tenham elevado novamente suas estimativas, a taxa segue dentro da meta definida para o ano, algo que é muito positivo para o país. Isso porque, quando a inflação fica controlada, há uma sinalização clara de fortalecimento da economia brasileira, ao menos no geral.
A saber, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Para 2025, os analistas projetam uma taxa inflacionária de 3,88% no país, superando a última estimativa (3,87%) e avançando pela décima semana seguida. A inflação deverá ficar bem próxima a deste ano, visto que os juros também deverão se manter em nível semelhante ao de 2024.
A saber, o Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
Para 2024, o CMN definiu uma meta central de 3,00% para a inflação no país, podendo variar entre 1,50% e 4,50%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,50% e 4,50%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,00%. Logo, as projeções dos analistas, de 4,02%, estão dentro do limite, dado muito positivo para o país.
O boletim Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Da mesma forma que as previsões para a inflação se elevaram, o mercado também está prevendo um crescimento um pouco mais firme da economia brasileira neste ano.
Em síntese, a taxa passou de 2,09% para 2,10% em 2024. Esse crescimento deverá ser menor que a alta registrada em 2023, quando o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, em relação ao ano anterior. O resultado do ano passado foi bem semelhante a alta de 2022 (3,0%) e superou significativamente as estimativas de economistas do início do ano passado, de 1,0%.
A expectativa é que o desempenho do PIB brasileiro em 2024 ainda surpreenda o mercado e cresça mais que o esperado atualmente pelos economistas. Inclusive, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acredita que o avanço da economia brasileira será superior a 2,2%, taxa projetada pela pasta.
Já para 2025, as estimativas caíram de 1,98% para 1,97%. A alta estimada para o ano que vem é bem parecida com a projetada para 2024, e ela não costuma apresentar grandes variações porque os analistas ficam mais atentos ao desempenho do ano vigente, ou seja, 2024.
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic, em 10,50% neste ano. Nos últimos meses, o BC promoveu cortes na Selic, totalizando uma redução de 3,25 pontos percentuais entre agosto de 2023 e maio deste ano. Atualmente, a taxa de juros está em 10,50% ao ano.
Isso significa que o BC não deverá promover mais qualquer redução na taxa de juros neste ano, ao menos é isso o que analistas acreditam. Esse prognóstico é bem diferente do observado há alguns meses, quando os analistas acreditavam que o BC manteria seus cortes de meio ponto percentual por mais tempo, para 9,00% ao ano.
A saber, a taxa Selic é o principal instrumento do BC para conter a alta dos preços de bens e serviços, a temida inflação. Quanto mais alta ela estiver, mais altos ficarão os juros no país. Assim, o crédito fica mais caro, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia.
Como os preços dos produtos cresce quando há maior demanda, o contrário também acontece. Assim, ao elevar os juros e reduzir as chances da população gastar, mais controlada tende a ficar a inflação.
Para 2025, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 9,50%, patamar um pouco menor que o esperado para o final deste ano. O BC não deverá elevar os juros no ano que vem, visto que a taxa de inflação também deverá ficar levemente menor em 2025.