Pela terceira semana consecutiva, os analistas do mercado financeiro estimaram que a inflação no Brasil deverá ficar dentro da meta definida para 2023. Esse dado é muito positivo para o país, já que evidencia uma conquista que não foi alcançada nos dois anos anteriores.
De acordo com o boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (30) pelo Banco Central (BC), a inflação no Brasil deverá ficar em 4,63% neste ano. A taxa é menor que a projetada na semana anterior (4,65%) e está dentro do limite estabelecido para a taxa em 2023.
A saber, o BC divulga semanalmente as projeções dos analistas em relação a indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, estes dados refletem a situação atual do país e mostram quais deverão ser os próximos passos dados pela economia brasileira e os desafios que ela deverá enfrentar.
Os analistas do mercado financeiro ficam atentos a todos os dados divulgados no país. Em setembro, a inflação subiu 0,26%, acima da taxa de agosto (0,23%). No entanto, o que repercutiu também foi o dado vir abaixo das estimativas do mercado (0,33%). A propósito, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é considerado a inflação oficial do país.
Em suma, a inflação elevada contribui para a desaceleração econômica. Como a taxa veio novamente menor que o esperado, apesar da sua aceleração, os analistas passaram a acreditar que a variação acumulada em 2023 ficará na meta estabelecida para o ano. Resta aguardar pelas próximas semanas para saber se isso se manterá.
Cabe salientar que o IBGE coleta os preços de diversos produtos e serviços e divulga as variações mensalmente, através do IPCA. Inclusive, o indicador é muito importante, pois diversas políticas públicas e a ações do Banco Central se baseiam na variação da inflação para definirem diretrizes e caminhos a seguir.
Também vale destacar que, na semana passada, o IBGE divulgou os dados mais recentes do IPCA-15, considerado a prévia da inflação do país. Em outubro, o indicador subiu 0,21%, desacelerando em relação a setembro (0,35%). Isso também repercutiu entre os analistas e os fez reduzir levemente suas projeções para a taxa inflacionária do país em 2023.
O Conselho Monetário Nacional (CMN) define uma meta central para a inflação do país todos os anos. Assim, o BC age para cumprir a meta definida, pois a inflação controlada traz diversos benefícios para o país, como:
Para 2023, o CMN definiu uma meta central de 3,25% para a inflação no país, podendo variar entre 1,75% e 4,75%. Isso acontece porque a entidade também define um intervalo de 1,5 ponto percentual (p.p.) para a taxa inflacionária, para cima e para baixo.
Neste sentido, caso a inflação deste ano tenha uma variação dentro desse intervalo, entre 1,75% e 4,75%, ela terá sido formalmente cumprida, mesmo que supere a meta central de 3,25%.
Como visto no relatório Focus, os analistas acreditam que o Brasil cumprirá a meta da inflação em 2023, visto que a taxa projetada para este ano está no limite máximo definido. Caso isso se confirme, o resultado irá suceder dois anos de estouro da meta da inflação, período em que os preços de produtos e serviços subiram mais do que deveriam no país.
O relatório Focus também revelou as novas projeções dos analistas sobre o PIB brasileiro. Nesta semana, o mercado reduziu as projeções para o crescimento da economia brasileira em 2023, de 2,90% para 2,89%. Em síntese, o crescimento do PIB do Brasil deverá se manter praticamente igual ao avanço registrado no ano passado.
Já para 2024, as projeções se mantiveram estáveis em 1,50%. A alta estimada para o ano que vem é quase metade do estimado para 2023, e isso deverá acontecer, principalmente, por causa da forte base comparativa.
Além disso, o planeta ainda sofre com os impactos da pandemia da covid-19 e da guerra entre Rússia e Ucrânia, mesmo que em menor grau. Isso também contribuirá para um crescimento menos expressivo do PIB brasileiro no ano que vem.
Por fim, os analistas mantiveram estáveis as estimativas para a taxa Selic pela 12ª semana consecutiva, em 11,75% neste ano. Entre agosto e setembro, o BC promoveu um corte de 1,0 ponto percentual da Selic, que agora está em 12,75% ao ano.
Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reunirá para definir os novos rumos da política monetária do país. A expectativa dos analistas é que a entidade promova um novo corte de 0,50 ponto percentual dos juros, algo que deverá se repetir em dezembro, no último encontro de 2023 do Copom.
Para 2024, a taxa de juros deverá encerrar o ano em 9,25%, patamar ainda elevado e que continuará afetando a renda dos brasileiros, reduzindo o poder do consumidor. Além disso, mostra que o BC deverá pisar no freio, parando de cortar os juros em 0,50 ponto percentual em todas as suas reuniões.