A reformulação do Bolsa Família – chamada de Auxílio Brasil – pode prejudicar as contas no final do mês para os mais pobres. Não, a afirmação não está errada. Porque as medidas como a PEC dos Precatórios e mudança do teto de gastos podem causar efeitos indesejados como o aumento da inflação e aumento de juros. Economistas ainda explicam que os caminhos escolhidos foram os mais fáceis e poderiam ter sido evitados.
O Jornal Nacional ouviu dois economistas para falar sobre o assunto, Zeina Latif e o ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Ambos descordaram das medidas adotadas pelo governo atualmente.
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“É uma saída mais fácil para esses políticos, que têm uma visão de curto prazo paro país, não têm o compromisso com trajetórias, vamos dizer assim, de médio e longo prazo. A gente vai lá, faz esse programa e, depois, vê como resolve. Uma armadilha que, com frequência, o Brasil cai, e tem consequências muito graves”, afirma a economista Zeina Latif.
Ele ainda explicou que a forma que as públicas estão sendo tratadas pelo ministério da Economia, dirigido pelo ministro Paulo Guedes. “Estamos falando de uma política mal desenhada, sem nenhum esforço para contenção de gastos. Pelo contrário. A PEC dos Precatórios está aumentando ainda mais o espaço para gastos com objetivos eleitorais, o que fere a regra do jogo democrático”, continuou Latif.
A quebra da política do teto de gastos não é vista com bom olhos, entenda: “O teto de gastos foi feito para limitar despesa que o governo consegue controlar e eliminar do controle da inclusão no teto de outras que ele não tem controle. O abandono da lógica do teto de gastos pode gerar dificuldades para tomar decisões de investir, tomar decisões de consumir, a taxa de juros vai subir mais”, ex-ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega.
A incerteza com a flexibilização com o teto de gastos e mais dinheiro no mercado, podem fazer os preços dispararem. A inflação está próxima a atingir duas casas decimais, mas os efeitos a longo prazo como o Auxílio Brasil podem ser imprevisíveis.
Mesmo sem fonte de recursos definida o benefício, que deve ficar em cerca de R$ 400, já teve sua propaganda anunciada. Entre as possibilidades de financiamento está o parcelamento dos precatórios e a taxação de dividendos, ambas as propostas estão no Congresso.
O novo Bolsa Família precisa ser lançado ainda em 2021, já que em ano eleitoral a prática poder ser vetada.