Os brasileiros tiveram uma notícia positiva em janeiro de 2023: a inflação desacelerou no país. No entanto, o decréscimo se concentrou nas faixas de renda mais baixas, mas não beneficiou os consumidores com rendimento mais elevado.
Em resumo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,53% no mês passado. Embora a variação representa aumento dos preços de bens e serviços no país, a alta foi menor que a de dezembro de 2022 (0,62%). E os brasileiros já comemoraram, porque a desaceleração pode indicar uma trajetória de queda nos próximos meses.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a desaceleração foi provocada pelas faixas de renda mais baixas, cujas variações perderam força no primeiro mês deste ano. Veja abaixo as oscilações d6as taxas inflacionárias entre dezembro e janeiro:
Vale destacar que a maior desaceleração foi registrada entre as pessoas de renda baixa, cuja inflação deixou de ser a mais elevada do país, em dezembro, para ser a menor, em janeiro deste ano, entre todas as faixas de renda.
Por outro lado, a taxa inflacionária acelerou para as pessoas de renda alta, único avanço entre todas as faixas de renda. Ainda assim, o segmento não apresentou a maior inflação entre as faixas pesquisadas. O maior percentual foi registrado pelas pessoas de renda média-alta, cuja taxa inflacionária se manteve estável em janeiro.
O Ipea explicou que os reajustes dos planos de assinatura de TV (+11,8%) e dos combos de TV, telefonia e internet (+3,2%) impulsionaram a inflação para as famílias de renda mais alta.
Além disso, “o reajuste de 0,75% nos serviços pessoais e de 0,89% na recreação impactou o grupo “despesas pessoais” desse segmento, que utiliza esses serviços numa proporção maior que as faixas de renda mais baixas”, disse o Ipea.
Embora as faixas de renda mais baixas tenham apresentado uma desaceleração na taxa inflacionária em janeiro, estes não foram os segmentos com as menores variações acumuladas nos últimos 12 meses. Confira abaixo as taxas registradas por todas as faixas de renda entre fevereiro de 2022 e janeiro de 2023:
Como observado acima, a taxa mais elevada ficou com as famílias de renda mais elevada. Em resumo, os grupos que mais impactaram a inflação nesta faixa de renda foram alimentação e bebidas (1,44%), despesas pessoais (1,33%), transportes (1,29%) e saúde e cuidados pessoais (1,19%).
Já em relação às famílias de renda muito baixa, cuja taxa inflacionária foi a segunda maior do país, os grupos que mais impulsionaram a taxa foram: alimentação e bebidas (3,26%) e saúde e cuidados pessoais (1,53%).
Em contrapartida, os grupos habitação (-0,24%) e transportes (-0,20%) tiveram taxas negativas no acumulado de 12 meses. Em resumo, isso mostra que os gastos com alimentação e bebidas impactam bem mais as famílias de renda mais baixa.
Por sua vez, as famílias de renda mais alta geralmente sofrem mais com o impacto do grupo transportes. Isso acontece porque os combustíveis, utilizados para abastecer os veículos deste consumidores, não afeta fortemente o segmento de renda mais baixa. Até porque os consumidores desta faixa de renda possuem bem menos veículos.
O relatório do Ipea revelou que o grupo vestuário foi o único a impactar todas as faixas de renda de maneira negativa em janeiro. Em outras palavras, os preços dos itens deste grupo caíram entre todos os segmentos, mas os recuos foram bem tímidos.
Já no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro, dois grupos tiveram taxas negativas para a maioria das faixas de renda. O primeiro grupo foi transportes, cujos preços caíram em todos os segmentos, exceto para as famílias de renda alta.
Já o grupo comunicação caiu entre as faixas de renda mais baixa, mas subiu para os consumidores de renda média-alta (0,02%) e renda alta (0,02%).
Por fim, o Ipea revela que as faixas de renda pesquisadas têm as seguintes faixas de renda: