Economia

Indicador de Emprego da FGV cai pelo 3º mês consecutivo

O Indicador Antecedente de Emprego caiu pelo terceiro mês consecutivo, ligando o sinal de alerta no país. O índice de emprego recuou 1,4 ponto em outubro, para 75,0 pontos. Esse é o menor patamar do indicador desde maio deste ano (74,6 pontos), ou seja, em cinco meses.

Ao considerar a média móvel trimestral, o IAEmp registrou uma queda de 1,0 ponto, para 76,1 pontos. O recuo só não foi mais intenso porque, em agosto e setembro, o indicador teve quedas mais tímidas.

Cabe salientar que o mercado de trabalho brasileiro enfrentou muitos desafios nos últimos anos. Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia da covid-19. Isso provocou uma queda histórica do IAEmp em abril, mês em que o indicador de emprego caiu para 39,7 pontos, menor nível já registrado em toda a série histórica.

No ano de 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos em relação ao ano anterior.

Já em 2023, o indicador continua enfrentando problemas e está ainda mais distante do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. Isso quer dizer que o IAEmp ainda não conseguiu recuperar todas as perdas provocadas pela crise sanitária e continua em nível muito baixo.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta terça-feira (7).

Indicador de emprego da FGV cai para menor nível em cinco meses. Imagem: Pixabay.

Indicador não deve se recuperar nos próximos meses

Segundo Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, o resultado dos últimos meses mostra que o indicador de emprego perdeu ritmo de crescimento e deverá enfrentar mais desafios nos próximos meses. Inclusive, o patamar do índice continua historicamente baixo, e deverá se manter assim até 2024, com variações pouco significativas.

Após três meses de queda, o IAEmp confirma a cautela com o ritmo de recuperação do mercado de trabalho, com resultado disseminado entre os indicadores que o compõe e a dificuldade em se afastar do nível de 75 pontos“, explicou Tobler.

Apesar de melhora no ambiente macroeconômico e a permanência da taxa de desemprego em patamar baixo, as recentes quedas nas expectativas de empresários e consumidores não permitem imaginar uma retomada mais forte do indicador nos próximos meses“, acrescentou o economista.

Rodolpho Tobler também disse que “será preciso sinais mais claros de uma recuperação na economia brasileira para [o indicador de emprego] voltar à trajetória favorável que chegou a ser ensaiada ao longo do ano“.

Seis dos sete componentes do indicador caem

De acordo com os dados do levantamento, seis dos sete componentes do IAEmp caíram no mês passado, puxando o indicador para baixo. Veja abaixo a variação de cada componente em setembro de 2023:

  • Indústria – Situação Atual dos Negócios: -0,1 ponto;
  • Indústria – Tendência dos Negócios: 0,2 ponto;
  • Indústria – Emprego Previsto: -0,3 ponto;
  • Serviços – Situação Atual dos Negócios: -0,2 ponto;
  • Serviços – Tendência dos Negócios: -0,4 ponto;
  • Serviços – Emprego Previsto: 0,2 ponto;
  • Consumidor – Emprego Local Futuro: -0,4 ponto.

Em síntese, os dados mostram que o emprego previsto encolheu tanto na indústria, quanto no setor de serviços e em relação ao consumidor. O único dado positivo foi registrado pela tendência dos negócios da indústria, mas apenas de maneira leve.

A proposito, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.

Desemprego recua no Brasil

Apesar da queda do indicador de emprego da FGV em outubro, os números mais recentes do mercado de trabalho brasileiro foram bastante positivos. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação caiu para 7,7% no terceiro trimestre deste ano.

Em resumo, esse foi o melhor resultado desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, o que evidencia os grandes resultados conquistados nos primeiros meses do governo Lula.

A saber, a população desocupada totalizou 8,3 milhões de pessoas no período, o que representa queda de 3,8% em relação ao trimestre anterior (menos 331 mil pessoas) e de 12,1% em um ano (menos 1,1 milhão de pessoas desocupadas).

Esses dados mostram que o mercado de trabalho parece estar se recuperando em 2023. Os brasileiros torcem para que a tendência de melhora continue ao longo do ano.