O Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) subiu pelo segundo mês consecutivo. Após iniciar o ano em queda, o índice voltou a subir no país em fevereiro, e isso também se repetiu em março, com o IAEmp avançando 1,7 ponto.
Com o acréscimo deste resultado, o indicador de emprego chegou a 76,4 pontos, maior nível desde outubro do ano passado (79,8 pontos), ou seja, em cinco meses. Aliás, nos últimos anos, o mercado de trabalho brasileiro enfrentou fortes impactos.
Em resumo, a pandemia da covid-19 impactou diversos setores econômicos e provocou a perda de milhões de empregos em todo o planeta, inclusive no Brasil. E foi nesse período que o IAEmp caiu para o menor nível da série histórica.
Para quem não lembra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou a pandemia em março de 2020, e, no mês seguinte, o indicador caiu para 39,7 pontos. Esse foi o menor nível já registrado pelo IAEmp em toda a série histórica.
Em 2021, o índice recuperou um pouco das perdas, mas, em 2022, o saldo voltou a ficar negativo, com o IAEmp caindo 7,1 pontos. Em outras palavras, o mercado de trabalho brasileiro ficou em uma situação pouco favorável em 2022, mas vem se recuperando gradativamente em 2023.
Ainda assim, o indicador continua bem distante do patamar observado em fevereiro de 2020 (92,0 pontos), último mês antes da decretação da pandemia da Covid-19. De lá para cá, o IAEmp não conseguiu recuperar todas as perdas da crise sanitária e ainda está em um nível muito baixo.
O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), responsável pela pesquisa, divulgou os dados nesta semana.
De acordo com Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre, os dados de março não apontam para uma trajetória de alta. Embora o resultado positivo seja o segundo consecutivo, a fraca variação ainda não confirma um início de recuperação do indicador.
Em suma, o IAEmp registrou três resultados positivos nos últimos quatro meses. Apesar do saldo positivo, a tendência de alta segue fraca no país e não confirma a recuperação do mercado de trabalho. “Pelo segundo mês consecutivo, o IAEmp avançou, mas ainda sem conseguir afastar a percepção de cautela”, disse Tobler.
“Os últimos resultados positivos são insuficientes para compensar a queda ocorrida na virada de ano e o patamar do indicador permanece historicamente baixo, sugerindo que altas recentes podem ser mais associadas à uma acomodação do que uma reversão de tendência”, acrescentou o economista.
Nos últimos anos, a pandemia enfraqueceu o indicador no país, prejudicando o mercado de trabalho. No entanto, em 2023, as dificuldades envolvendo a atividade econômica brasileira estão limitando a recuperação do IAEmp.
“As perspectivas macroeconômicas no curto prazo continuam desafiadores e devem continuar limitando uma melhora expressiva do indicador e do mercado de trabalho. Avanços mais fortes devem ocorrer somente com uma reação da atividade econômica”, avaliou o economista.
De acordo com os dados do levantamento, quatro dos sete componentes do IAEmp subiram no mês passado. Veja abaixo a variação de cada componente em novembro:
Em resumo, os dados mostram que o emprego se fortaleceu com mais intensidade na indústria em março. Por outro lado, o componente de emprego previsto para os serviços recuou no mês, bem como a sondagem do consumidor.
Aliás, o Indicador Antecedente de Emprego (IAEmp) se baseia em dados das Sondagens da Indústria, de Serviços e do Consumidor. Em suma, ele pode antecipar as direções tomadas pelo mercado de trabalho no Brasil, possuindo relação positiva com o nível de emprego do país.
Embora o indicador de emprego da FGV tenha avançado pelo segundo mês consecutivo, os dados sobre o mercado de trabalho brasileiro nos primeiros meses do mandato do presidente Lula preocuparam a população.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), realizada pelo IBGE, a taxa de desocupação ficou em 8,6% no trimestre móvel de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023. Em síntese, essa taxa ficou 0,5 ponto percentual acima da registrada no trimestre móvel anterior.
A saber, a população desocupada totalizou 9,2 milhões de pessoas no período, o que representa um acréscimo de cerca de 500 mil pessoas sem uma ocupação no país, na comparação com o trimestre móvel de setembro a novembro de 2022.
Esses dados mostram que ainda há muitos desafios a serem enfrentados no país. Resta torcer para que o mercado de trabalho brasileiro tenha força para superá-los.