Economia

INCERTEZA econômica no Brasil RECUA em abril, revela FGV

O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) caiu 4,1 pontos em fevereiro deste ano, na comparação com o mês anterior. Com isso, o índice recuou para 112,6 pontos, após atingir em março o maior nível dos últimos oito meses.

Em resumo, taxas superiores a 100 pontos indicam que há algum grau de incerteza econômica no país, visto que essa marca reflete estabilidade do indicador. Assim, a faixa acima de 112 pontos mostra que a incerteza no país não é apenas superficial, mas ainda se encontra em nível razoável, apesar do recuo mensal significativo.

Vale destacar que, nos últimos sete meses, o IIE-Br recuou apenas duas vezes, enquanto registrou cinco avanços. Nesse período, as expectativas em relação à atividade econômica brasileira se mostraram cada vez mais enfraquecidas, apesar da melhora observada em abril.

Aliás, é importante ressaltar que a incerteza vem se mantendo em um patamar relativamente estabilizado. Em suma, o indicador subiu em boa parte dos últimos meses, mas as altas não foram muito expressivas, no geral. Dessa forma, os resultados não impulsionaram significativamente o indicador.

Entenda a queda da incerteza em abril

A queda do nível de incerteza econômica em abril veio foi tão forte quanto o avanço registrado em março. Em suma, o resultado eliminou 82% da forte alta observada no mês anterior.

“O IIE-Br praticamente retorna em abril ao nível de fevereiro, anterior à alta de março, motivada por fatores como a incerteza fiscal interna e a ameaça de crise bancária nos EUA e Europa”, explicou Anna Carolina, economista do FGV IBRE.

“A queda foi motivada pela atenuação dos fatores de risco relacionados aos dois temas e por uma redução dos ruídos políticos entre Governo e Banco Central com relação à taxa de juros”, acrescentou.

Vale destacar que o IIE-Br possui dois componentes, o de Mídia e o de Expectativas. Em abril, os dois seguiram trajetórias diferentes, mas um deles teve uma variação mais significativa e exerceu uma influência maior

De um lado, o componente de Mídia caiu 5,0 pontos no mês, para 112,1 pontos, contribuindo com uma queda de 4,4 pontos para o indicador de incerteza no mês.

Em contrapartida, o componente de Expectativas teve alta de 1,1 pontos, para 109,3 pontos, elevando o IIE-Br em 0,3 ponto.

Em resumo, o componente de expectativas exerce menos impacto que o de mídia. Por isso, a queda da incerteza em abril foi significativa, mesmo com o recuo do componente de expectativas, que mede a dispersão de especialistas para variáveis macroeconômicas.

Incerteza disparou no início da pandemia

O cenário atual é completamente diferente do que aconteceu nos últimos anos. Isso porque a incerteza econômica no Brasil disparou em 2020 devido à pandemia da covid-19, com o IIE-Br chegando a subir 52 pontos em março de 2020, para 167,1 pontos.

A saber, a Organização Mundial da Saúde (OMS) havia decretado a pandemia naquele mês. Por isso que houve outra disparada da incerteza em abril, quando o indicador subiu mais 43,4 pontos, alcançando 210,5 pontos, maior nível da série histórica.

A título de comparação, antes da pandemia, o recorde do indicador havia sido alcançado em setembro de 2015, quando o IIE-Br chegou a 136,8 pontos. Em outras palavras, o novo recorde, registrado em 2020, ficou 53,9% superior ao maior patamar observado antes da crise sanitária.

A propósito, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE), responsável pelo levantamento, divulgou as informações nesta semana.

Saúde fiscal do Brasil ainda preocupa

Os últimos meses de 2022 ficaram marcados pelas incertezas envolvendo a transição do governo, após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência do país.

Ainda em dezembro de 2022, o Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitucional nº 126, que liberou R$ 146 bilhões para o governo federal utilizar em 2023, fora do teto de gastos. Isso provocou um verdadeiro temor no mercado financeiro em relação à saúde fiscal do Brasil.

Em síntese, o aumento dos gastos públicos impulsiona a inflação no país. Como a taxa inflacionária disparou em 2021, o Banco Central (BC) passou a elevar consecutivamente a taxa de juro da economia brasileira.

Em 2022, a inflação perdeu força, mas se manteve elevada, superando a meta central definida para o ano. Aliás, o BC continuou elevando os juros no país, com a taxa Selic chegando a 13,75% ao ano, maior patamar em mais de seis anos.

A expectativa para 2023 é que os juros comecem a perder força, mas de maneira lenta e gradual, e apenas a partir do segundo semestre. Um recuo mais intenso só aconteceria se a inflação também tivesse uma queda significativa, mas isso não deverá acontecer neste ano. Tudo isso prejudica a saúde fiscal do Brasil.