O Superior Tribunal de Justiça (STJ) retoma nesta terça-feira (5) o julgamento sobre o incêndio na Boate Kiss, ocorrido em 2013, em Santa Maria (RS), e que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos. Após uma interrupção no julgamento, a análise do caso será retomada com o voto do ministro Antonio Saldanha, que pediu mais tempo para analisar o processo.
A Sexta Turma do STJ está analisando o recurso do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) contra a decisão que anulou o resultado do júri e determinou a soltura dos acusados. Em agosto do ano passado, a 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) aceitou o recurso da defesa dos acusados e reconheceu nulidades processuais ocorridas durante a sessão do Tribunal do Júri de Porto Alegre, realizada em dezembro de 2021.
O júri condenou os ex-sócios da boate, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, além do vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor musical Luciano Bonilha. As condenações variaram entre 18 anos e seis meses de prisão para os sócios da boate e 19 anos e seis meses para o vocalista e o produtor musical.
As defesas dos quatro acusados reafirmaram no STJ que o julgamento foi repleto de nulidades e defenderam a manutenção da decisão que anulou as condenações. Entre as ilegalidades apontadas pelos advogados estão a realização de uma reunião reservada entre o juiz e o conselho de sentença, sem a presença do Ministério Público e das defesas, e o sorteio de jurados fora do prazo legal.
Com a retomada do julgamento, o ministro Antonio Saldanha terá a oportunidade de apresentar seu voto e contribuir para a decisão final do caso. A expectativa é de que o STJ reveja a anulação das condenações e determine um novo julgamento dos acusados.
O incêndio na Boate Kiss trouxe à tona a importância da segurança em estabelecimentos comerciais, especialmente em casas noturnas. Após a tragédia, foram implementadas diversas medidas de prevenção em boates e casas de espetáculos em todo o país, como a instalação de sistemas de combate a incêndio, a regularização dos alvarás de funcionamento e a fiscalização mais rigorosa por parte das autoridades competentes.
O caso da Boate Kiss foi um marco na história do Brasil, evidenciando a necessidade de maior cuidado com a segurança em estabelecimentos públicos. O incêndio serviu como um alerta para que as autoridades e os proprietários de estabelecimentos comerciais estejam sempre atentos às normas de segurança e adotem medidas preventivas para evitar tragédias como essa.
O julgamento do incêndio na Boate Kiss pelo STJ é um momento importante para a busca por justiça às vítimas e suas famílias. A expectativa é de que a decisão final leve em consideração os argumentos das defesas, mas também a necessidade de responsabilização pelas falhas que resultaram na tragédia. Que esse caso sirva como um lembrete constante da importância da segurança e da fiscalização adequada em estabelecimentos públicos, para que tragédias como essa nunca se repitam.