Após iniciar outubro em forte queda, o Ibovespa conseguiu se recuperar um pouco nesta quarta-feira (4) e fechou o pregão em alta. A sessão ficou marcada pelo cenário internacional, como vem acontecendo nos últimos dias. Contudo, desta vez, o exterior ajudou a impulsionar a Bolsa Brasileira.
No pregão de hoje (4), O Ibovespa subiu 0,17%, a 113.606 pontos. A alta foi bem leve, mas ainda assim foi comemorada pelo mercado acionário, uma vez que o indicador só vinha registrando queda nos últimos dias. Aliás, na véspera (3), o índice caiu para o menor patamar em quase quatro meses, e se mantém próximo desta marca, já que o avanço na sessão foi bem tímido.
Apesar do avanço, o indicador continua acumulando perdas em outubro (-2,54%). Contudo, em 2023, o Ibovespa ainda reserva ganhos de 3,53%, o que evidencia a força do mercado acionário nos primeiros meses do ano.
Vale destacar que os ganhos chegaram a superar 11% entre janeiro e julho, mas o indicador caiu em 18 dos 23 pregões realizados em agosto, eliminando quase metade destes ganhos.
Naquele mês, o Ibovespa teve a maior sequência de quedas já registrada na história, recuando por 13 pregões consecutivos e acumulando perdas de 5,1%, tombo considerado pequeno para a quantidade de sessões em campo negativo.
Nos últimos dias, os os temores em torno de uma recessão econômica global pairaram sobre o mercado, provocando uma fuga para ativos mais seguros, como as treasuries, que são os títulos do Tesouro norte-americanos. Estes são considerados os ativos mais seguros do mundo e fazem parte da renda fixa dos EUA.
Na véspera (3), os títulos norte-americanos atingiram o maior nível desde outubro de 2007, ou seja, em 16 anos. Estes papeis sugaram parte dos ativos alocados em bolsas de valores ao redor do mundo, incluindo o Ibovespa. E a rentabilidade dos títulos americanos cresce cada vez que os juros nos EUA ficam mais elevados.
Contudo, nesta quarta-feira (4), o rali entre os papeis deu uma esfriada e os investidores buscaram ativos de risco, beneficiando o Ibovespa. Em suma, isso aconteceu devido às projeções sobre o mercado de trabalho norte-americano, que vieram mais fracas que o esperado.
Nesta quarta-feira (4), a Automatic Data Processing (ADP) divulgou o seu Relatório Nacional de Emprego referente a setembro. De acordo com o documento, o setor privado do país criou 89 mil postos de trabalhos no mês passado.
Os dados frustraram as previsões de analistas. Em resumo, os economistas consultados pelo “The Wall Street Journal” projetavam a criação de 160 mil novos postos de trabalho no setor privado do país no mês passado, mas o resultado foi bem menor que o esperado.
Esse resultado diminuiu um pouco o temor entre investidores, pois o fortalecimento do trabalho no país poderia pressionar o Federal Reserve (Fed), banco central dos EUA, a aumentar os juros, já que mais pessoas trabalhando tende a significar mais dinheiro na mão da população.
Atualmente, os juros estão no maior patamar em mais de 20 anos. Juros elevados significam aumento do custo de vida, ou seja, os consumidores estão com o poder de compra reduzido. Isso acontece, porque a principal ferramenta dos bancos centrais para segurar a inflação no país são os juros.
O fortalecimento do trabalho americano pode impulsionar novamente a inflação. Como os dados da ADP vieram mais fracos que o esperado, os investidores tiveram coragem de buscar ativos de risco. Aliás, os dados oficiais só devem sair na sexta-feira (6).
Vale destacar que o aumento dos juros beneficia a renda fixa dos Estados Unidos, da qual as treasuries fazem parte. Caso os dados do Departamento de Trabalho norte-americano confirmem um enfraquecimento da criação de vagas no país, o Ibovespa poderá voltar a subir mais recorrentemente em outubro.
Na sessão de hoje (2), 77 das 86 ações listadas no Ibovespa subiram, resultado que mostra a disseminação das altas no dia. Inclusive, o indicador poderia ter avançado ainda mais no dia, mas os papeis da Petrobras limitaram a alta na sessão. A propósito, o Ibovespa é o indicador do desempenho médio das cotações das ações negociadas na B3, a Bolsa Brasileira.
A carteira teórica mais famosa do país movimentou R$ 16 bilhões no pregão de hoje, 20% abaixo da média dos últimos 12 meses, de R$ 20 bilhões. Em outubro, a média está em R$ 14,4 bilhões.
Existem duas empresas muito importantes para o indicador, que concentram mais de um quarto das ações listadas na carteira teórica mais famosa do país. Por isso, os investidores ficam atentos a estas empresas para saber se o indicador vai subir ou cair na sessão.
A primeira empresa é a mineradora Vale, cujas ações respondem por cerca de 15% da carteira do Ibovespa. Em síntese, os papeis da mineradora tiveram uma variação pouco significativa no dia e não influenciaram significativamente o indicador.
A segunda empresa que sempre fica no radar dos investidores é a Petrobras, cujos papeis respondem por cerca de 11,6% da carteira do Ibovespa. Nesse caso, as ações ordinárias (ON) e preferenciais (PN) da estatal caíram no dia 3,02% e 3,97%, respectivamente. Estes resultados limitaram a alta do indicador no dia.
Por fim, cabe salientar que os acionistas preferenciais não têm qualquer controle ou poder de decisão sobre o futuro da empresa. No entanto, os acionistas ordinários podem exercer algum controle sobre a empresa.